Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), a Rússia é um importante parceiro comercial no campo da exportação de fertilizantes, produto que o Paraná adquire em grande quantidade para as atividades agrícolas. Por conta do conflito entre os dois países, os principais portos de entrada de adubo no Brasil têm sido afetados de maneira preocupante.

Com a guerra, a Rússia suspendeu temporariamente as atividades portuárias e o comércio com outros países, principalmente ocidentais. Devido a ausência de transportadores marítimos na região do conflito, por receio de sequestro de navios ou de que os barcos sejam atingidos pelo fogo cruzado, os agricultores do Brasil não poderão receber grandes volumes de fertilizantes.

“Isso encarece toda a atividade industrial. Fica mais caro para produzir o trigo, então chega mais caro para você moer esse trigo. Consequentemente, encarece o produto na mesa de quem consome também”, explica o analista técnico da Fiep, Evanio Felippe. De acordo com o órgão estatal, o Paraná atualmente concentra 28% das moageiras de trigo do país.

O aumento dos custos da produção de trigo, entre outros produtos, vai gerar um efeito em cadeia sobre a economia, com a inflação e a diminuição do poder de compra do cidadão. Som a escalada dos preços do adubo, o óleo, a ração, a carne de frango e outros insumos ligados a esse produto acabam ficando mais caros, criando uma bola de neve econômica.

O Governo Federal reconhece as dificuldades pelo caminho. Os maiores produtores rurais já anteciparam suas compras. Logo, a falta de fertilizantes será em casos pontuais, provavelmente no segundo semestre, quando os impactos devem ser sentidos com mais intensidade no mercado paranaense, trazendo uma possível falta desses produtos.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou na quinta-feira (3) que enquanto houver guerra, é totalmente impossível receber fertilizantes da Rússia. “Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar”, salientou a ministra durante transmissão ao vivo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda de acordo com Tereza Cristina, o Irã vai substituir o abastecimento de uréia que viria da Rússia. O Governo Federal reconhece o impacto do conflito na Europa nos preços dos alimentos e estuda alternativas para conter a inflação. Os russos são os principais fornecedores de adubo ao Brasil, com cerca de 20% do volume internalizado anualmente.

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