É indiscutível. O atletismo de Colombo é um dos projetos esportivos do município mais bem sucedidos, principalmente se levarmos em conta a relação entre resultados e investimento. Através do projeto Prófuturo – Atletismo por um Futuro Melhor, formado em 2012, a cidade, que já possui equipes da modalidade desde 2005, alcançou inúmeros resultados positivos e conquistas em competições regionais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais. 

Todo o trabalho em torno da modalidade foi construído a muitas mãos e, a partir de 2021, passa a ser coordenado pelo professor Rodrigo da Silva, em uma passagem de bastão bastante simbólica do professor Sidmar Andrighetto Gielow, que idealizou o projeto. Ambos foram atletas do município, treinados por Everson José Rosa, mais conhecido como Bota, e completaram diversos ciclos de maneira similar, passando por estagiário, voluntário e professor efetivo do projeto, que desde seu início teve a participação de mais de 800 crianças e adolescentes, revelando diversos talentos, como os marchadores Paulo Henrique Ribeiro e Thaliane Janaína.

O início

Tanto Sidmar, quanto Rodrigo, iniciaram suas histórias no atletismo colombense em meados de 2005, quando foi formada a primeira equipe em Colombo. Entre 2008 e 2010 a equipe resiste mesmo após a saída do técnico Bota, e é a partir de 2010, quando Sidmar é contratado como professor efetivo, que o Prófuturo começa a tomar corpo. “Nós levamos o projeto para as escolas rurais, no João José Gasparin, no Poço Negro, e no Irmã Antonieta Farani, no Capivari. Teve muita criança e comecei a achar talentos. Aí a escolinha voltou a ser aqui no Bosque da Uva”, relembra Sidmar. Logo, os primeiros resultados em competições começaram a aparecer. “Em 2013 a gente já ganhou as primeiras medalhas, duas de ouro, uma no disco e uma no peso, no Campeonato Paranaense sub-14. E já no ano seguinte a coisa deslanchou. Foi aí que a gente já conquistou nossa primeira medalha em Campeonato Brasileiro, com recorde brasileiro e a primeira medalha de ouro internacional, nos Jogos Sul-Americanos Escolares, e aí veio tudo isso que se sucedeu”, conta Sidmar. “Tivemos números expressivos. Foram quase 70 troféus, mais de 400 medalhas em Campeonatos Paranaenses, 88 medalhas em Brasileiros. São números que quantificam, mas tem aqueles números que não estão no papel, como aquela galera que fez atletismo, foi fazer faculdade porque viu nisso uma motivação para seguir estudando e está seguindo na vida”, acrescenta com orgulho. 

O segredo

Ao olhar as classificações das competições nacionais, em diversas oportunidades nos últimos anos pudemos ver Colombo batendo de frente com clubes e cidades estruturadas. Segundo Sidmar, o segredo para atingir resultados está na maneira como o projeto foi concebido. “O nosso diferencial é o modelo do projeto, pois é esportivo-educacional. Somos contratados pela Prefeitura para exercer a função de professor e o que a gente cobra da galera é rendimento escolar, oferecendo em troca uma atividade esportiva. Nosso modelo é muito bem definido desde a captação dos atletas, com projetos em escolas municipais, parcerias em escolas estaduais, com professores dentro das escolas estaduais que são orientados de como trabalhar o atletismo na escola, e em troca eles nos devolvem potenciais talentos”, destaca Sidmar, que ressalta que ele e Rodrigo possuem certificação internacional como treinadores da modalidade.

Por sua vez, Rodrigo exalta a ideia de buscar potenciais atletas na zona rural do município. “Buscar as crianças na área rural foi uma sacada muito boa. O professor Sidmar teve essa visão de fazer um projeto para essas crianças e acho que esse foi o ‘pulo do gato’. Além da dedicação de todos”, destacou. 

O amanhã 

Rodrigo da Silva assume a coordenação do projeto de atletismo em Colombo e tem ciência do desafio, principalmente no atual momento da pandemia. “Temos que buscar estratégias para superar os desafios. Os treinamentos acontecem com muitas restrições, atualmente só os atletas de rendimento estão treinando. Por enquanto, com as escolas não tem como darmos continuidade nesse trabalho em razão da pandemia”, lamenta Rodrigo, que já visa as primeiras competições do ano, que devem ser realizadas a partir de março. “A primeira competição que temos a seguir é a Copa Brasil de Marcha Atlética, uma das mais tradicionais e importantes. No ano passado foi em Recife e provavelmente voltará a ser lá. Mas por causa da pandemia, todas as competições ainda não possuem a data certa”, explica. 

Já Sidmar, optou por não seguir no projeto, mesmo após o convite da atual gestão municipal. Agora, o treinador busca uma nova oportunidade no atletismo, apesar de saber que há a possibilidade de não seguir atuando profissionalmente no esporte. 

O sonho

Não há dúvidas de que Colombo atingiu um patamar relevante como equipe e formador de talentos. Mas é válido lembrar que o município não possui atualmente um espaço reservado para a prática do atletismo. Um dos sonhos de todos os envolvidos na modalidade seria o da construção de uma pista de atletismo. “Faz um bom tempo que a gente busca a construção de uma pista, é o que falta para que Colombo deslanche de vez, suba o nível e tenha ainda mais atletas. Agora, nesse momento triste, da pandemia e da crise, fica mais difícil. Mas quem sabe? Seria uma realização muito grande para nós”, afirma Rodrigo.

Sidmar lembra que a batalha pela construção de um local adequado não é nova. “O nosso professor já lutou, e lutou muito para tentar trazer uma pista. Eu passei aí pelo menos dez anos lutando, chegamos a ter um projeto de uma pista no Jardim Eucaliptos. E o fato de não termos um espaço para a prática regular do atletismo nos prejudica muito e nos coloca uns dois passos atrás de qualquer outra equipe”, ressalta Sidmar, que entende que, no momento, a iniciativa é inviável. “É um sonho, mas sou sincero, é difícil pois demanda um terreno muito grande e de valores altos para a construção dela. Mas acredito que Colombo mereça um espaço como esse”, encerra. 

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