Vivemos em um país onde a abolição da escravidão não significou a abolição do racismo. Foram mais de 350 anos de escravização, seguidos por mais de 100 anos de criminalização da população negra. A abolição foi uma ruptura formal, mas não efetiva: não houve políticas de integração, não houve terra, não houve acesso à educação, à moradia digna ou ao trabalho justo. Pelo contrário, houve perseguição, exclusão e marginalização sistemática
É preciso reconhecer que a estrutura social brasileira foi construída sobre pilares racistas, e que esse passado molda nosso presente. Para superar essas desigualdades, não basta apenas combater o racismo individual — é necessário romper com o racismo institucional que organiza o cotidiano e os territórios das pessoas negras.
Não se trata de privilégio, trata-se de justiça histórica. A luta antirracista é por uma sociedade de equilíbrio, onde a dignidade humana não tenha cor, onde as oportunidades sejam verdadeiramente iguais e onde as potências negras possam florescer sem serem ameaçadas.
“Não há como falar de justiça social sem falar de justiça racial.”( Amanda da Cruz Costa) É esse o chamado que nos convoca: construir, juntos, políticas públicas, espaços de cuidado e relações comunitárias que reconheçam e valorizem as contribuições dos povos negros, reparando as violências do passado e rompendo com as que ainda persistem.
Uma sociedade com equilíbrio só existira com se nos unirmos para fazer a transformação.
Aloisio Nascimento