Na última semana, a notícia de uma chacina motivada por uma aposta em um jogo de sinuca, ocorrida em Sinop (MT), chocou o Brasil. Sete pessoas foram covardemente assassinadas porque um valentão armado se chateou ao perder R$ 4 mil no bilhar. Ele tinha registro de Caçador, Atirador e Colecionador, o famoso CAC.
Morreram o adversário, o dono do bar e pessoas que estavam ali por acaso, assistindo a um jogo de futebol na televisão. Sete vidas foram interrompidas com tiros pelas costas, incluindo uma criança de apenas 12 anos. Sete manchas de sangue que comprovam o risco de se banalizar o acesso ao armamento.
Não se trata de banir o armamento da sociedade, por mais que o cenário utópico de um mundo 100% desarmado seja agradável. Trata-se de intensificar os critérios e os cuidados na hora de liberar um registro de armamento.
Não é à toa que os casos de chacinas e massacres estão se tornando cada vez mais comuns ao redor do mundo, e esse fenômeno já chegou ao Brasil. Vivemos em uma sociedade doente, psicologicamente destruída, vingativa e rancorosa. Não são todos, mas são muitos, e a média tem se mostrado perigosíssima.
Os ataques a escolas, protagonizados por jovens que passam por momentos psicológicos conturbados e que conseguem acesso à arma de um familiar (muitas vezes por descuido), têm assombrado a sociedade brasileira.
Levantamento divulgado pelo instituto Sou da Paz aponta que nos últimos quatro anos foram 15 vítimas de ataques a escolas. Entre 2019 e 2022 foram cinco casos, o mesmo número registrado entre 2011 e o início de 2019. Isso não é por acaso.
Há ainda os ataques por divergência política, que se multiplicaram ao longo dos últimos anos. Aqui no nosso Estado tivemos um de grande repercussão, onde dois agentes de segurança se balearam após um deles “se chatear” com a posição política do outro, que comemorava seu aniversário com a temática inspirada no presidente Lula.
Fora uma candidata perseguindo armada um cidadão pelas ruas de São Paulo, em uma cena grotesca, ou um quase candidato à presidência que abriu fogo contra policiais federais, o que repercutiu internacionalmente.
O discurso de que o aumento das armas faria com que a segurança da população fosse maior tem se mostrado vazio. Segurança pública é de responsabilidade do Estado. Cabe à população não se armar, mas fazer valer (no voto e na cobrança) que o imposto que sangra as finanças do brasileiro seja aplicado de maneira correta.
É preciso investir pesadamente na ampliação e qualificação dos quadros das forças de segurança. Esses profissionais também precisam ser mais valorizados, uma vez que colocam suas vidas em risco para proteger a sociedade. Cobremos soluções ao invés de pleitear armas. O Brasil não combina com filme de faroeste.