Empresário investigado é executado em plena luz do dia no Aeroporto de Guarulhos; facção criminosa teria colocado “cabeça a prêmio” após acordo de delação.
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, conhecido por seu envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e por ter fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), foi brutalmente assassinado na última sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Gritzbach havia feito denúncias de extorsão e lavagem de dinheiro que comprometiam tanto a facção criminosa quanto policiais. Até o momento, ninguém foi preso.
Gritzbach, corretor de imóveis do Tatuapé, São Paulo, já vinha sendo investigado por seu papel na lavagem de milhões de reais para o PCC. Suas ligações com Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, um dos maiores traficantes da facção, tornaram-se públicas. Após o assassinato de Cara Preta e de seu motorista, a investigação sobre o envolvimento de Gritzbach nas mortes foi intensificada, resultando no acordo de delação premiada com o MPSP em março deste ano. Com o acordo, ele entregou informações valiosas sobre operações de lavagem de dinheiro e sobre policiais suspeitos de envolvimento em atividades ilícitas.
O assassinato em plena luz do dia: a execução no Aeroporto Internacional de São Paulo
Na tarde de sexta-feira (8), Gritzbach desembarcava no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, quando foi alvejado por dois homens encapuzados que dispararam ao menos 29 vezes. Câmeras de segurança registraram toda a ação. Mesmo tentando fugir, ele foi atingido por 10 tiros fatais em várias partes do corpo. A execução em um local movimentado e de alta visibilidade evidencia a audácia dos criminosos, que sabiam da sua chegada e aproveitaram o momento para consumar o crime.
Detalhes da escolta e as dúvidas levantadas sobre o esquema de segurança
No momento do crime, a equipe de escolta de Gritzbach, composta por policiais militares, não estava presente no aeroporto devido a um problema mecânico em um dos veículos. Segundo relatos dos próprios seguranças, um dos carros enfrentou dificuldades na ignição, e o outro veículo teve que retornar a um posto para reorganizar o transporte. Essa circunstância levantou suspeitas entre os investigadores, que agora consideram a possibilidade de falha proposital no esquema de segurança.
O passado perigoso de Gritzbach e a caça pela facção criminosa
De acordo com fontes da polícia, o PCC teria colocado um “prêmio” de R$ 3 milhões pela morte de Gritzbach após a morte de Cara Preta e Sem Sangue, ambos importantes membros da facção. Com as ameaças, Gritzbach passou a andar com segurança armada e a manter uma rotina de vigilância constante. Fontes indicam que a delação premiada foi o estopim para a sentença de morte, e a execução no aeroporto reforça a influência e a capacidade de retaliação do PCC.
As denúncias de extorsão e corrupção no círculo policial
Além de expor esquemas internos do PCC, o empresário também denunciou casos de extorsão praticados por policiais civis e militares. Segundo ele, um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) exigiu propina para não envolvê-lo no caso Cara Preta. Também mencionou policiais do Denarc que tentaram extorquir traficantes e o próprio Gritzbach. A revelação de possíveis vínculos entre forças de segurança e a facção evidenciou a complexidade do caso e trouxe à tona novas investigações sobre corrupção policial.
O assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach levanta novas questões sobre a influência do PCC e o alcance das ameaças em decorrência de um acordo de delação. A investigação do crime segue, enquanto a segurança de outros delatores e suas famílias permanece em alerta, numa tentativa de contornar o poder de uma organização que continua a desafiar as forças de segurança e a justiça.
Com informações da CNN Brasil e portal G1.
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