A produção da agricultura familiar no município de Colombo tem um importante e cada vez mais utilizado aliado: as estufas agrícolas. O cultivo protegido teve início no município em meados dos anos 90 e tem tido boa aceitação por fatores como o aumento da produtividade e a certeza de obter uma boa qualidade dos produtos.

Atualmente, segundo dados do engenheiro agrônomo Valdir Verner Ast, gerente da unidade local do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Colombo possui cerca de 130 produtores que se dedicam ao cultivo protegido em 17 bairros diferentes, com especial destaque para os bairros do Bacaetava e Serrinha (no cultivo protegido em solo); e para os bairros de Fervida e São João (no sistema hidropônico).

De acordo com Valdir, um dos principais objetivos do cultivo protegido é a produção em condições de temperatura ideais para o desenvolvimento das culturas escolhidas, entre 18ºC a 25ºC. “Com as estufas, se consegue maior controle sobre as condições climáticas (temperatura e umidade), reduzindo os riscos quando da ocorrência, por exemplo, de excesso de chuvas, resultando em aumento da produção e qualidade”, explica.

Entre as principais hortaliças do mercado colombense estão o pimentão, o pepino japonês, o morango, o tomate cereja/grape, alface, rúcula, agrião, entre outros. Em 2020, mesmo com os impactos da pandemia, que também afetaram a produção rural, o Valor Bruto da Produção das Hortaliças em Colombo, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral/SEAB PR), foi de R$ 244 milhões, explorado em sua maioria por agricultores familiares.

O cultivo protegido pode ser promovido em três formatos: hidropônico, semi-hidropônico e em solo, descritos a seguir.

Hidroponia

A hidroponia é um sistema de cultivo em que a planta é cultivada aproximadamente a 80cm do solo, normalmente em tubulações, e sem o uso de terra. A raiz da planta fica dentro da água que passa pela tubulação. Normalmente, se adicionam nutrientes ou fertilizantes junto à água. Folhosas, como alface, rúcula e agrião, são algumas das plantas que apresentam bom resultados quando produzidas nesta modalidade.

O produtor Mario Sérgio Fiorese, junto de sua esposa Rosilene e seu filho Lucas, trabalham em uma área de 7 mil m² no bairro de Fervida. Ali, são colhidos semanalmente mais de mil pés de alface, e cerca de 2 toneladas entre rúcula e agrião, além de outros produtos como cebolete, almeirão, coentro e radite.

Fiorese utiliza o cultivo protegido desde 2005. “Eu cheguei à conclusão que eu tinha que arrumar um jeito de produzir mais em um terreno menor”, conta. Após a adoção do sistema, o número de ciclos de colheita subiu de dois para doze ciclos anuais. Outras vantagens do sistema hidropônico são a otimização da mão de obra e a redução de doenças, que afetam a produção.

Cultivo semi-hidropônico

O sistema semi-hidropônico, por sua vez, também conhecido como hidroponia capilar, é bem similar à hidroponia convencional, em que as plantas ficam alocadas em tubulações. A diferença é que as raízes ficam estabelecidas em um meio inerte, com a passagem de água contínua. O sistema semi-hidropônico é ideal para o plantio de morango.

No bairro São João, o produtor Sergio Ronald Mottin produz entre 20 a 25 toneladas de morango por semestre. O semi-hidropônico também traz como vantagem a otimização da mão de obra, já que o plantio é feito de maneira elevada. O morango de Ronald é destinado, em especial, para o consumidor final. “Estamos dando preferência para vender por aqui, pois quem compra pega um produto fresco. Nós colhemos ele direto para a bandeja, reduzindo a manipulação. O morango é bem sensível”, destaca o agricultor.

Cultivo em solo

Como o próprio nome já diz, o cultivo em solo é o plantio no chão. A terra utilizada é separada do solo cru por uma espécie de lona. Além disso, a irrigação (gotejamento) passa por baixo de onde a planta está, com a devida fertilização.

Nesta modalidade, é feito o plantio de itens como pimentão e tomate. O agricultor José Glicério Gasparin, de 53 anos, deu início ao cultivo protegido em 2016, no Bacaetava. “Eu produzia couve flor, tomate, pimentão, alface, brócolis, hortaliças em geral, tudo em campo aberto. Vi os vizinhos com estufas, e vi que a produtividade deles aumentou. Aí comecei com um bloco de 2.500m², com o apoio do IDR na época”, contou o produtor, que vê na produtividade a principal vantagem do uso das estufas. “A produtividade de um pimentão de estufa em comparação ao do campo chega a ser 80% maior. No campo você colhe durante dois, três meses, e na estufa você colhe durante até dez meses”, relatou.

Glicério possui 5 mil pés de pimentão. A colheita pode ser feita em diferentes momentos de maturação. Mais cedo, o produtor colhe o pimentão verde. Mais tarde, colhe o pimentão amarelo ou vermelho. O produto mais maduro, aliás, oferece maior valor agregado ao produto final, ampliando a rentabilidade. A estimativa de produção até junho do ano que vem é entre 45 a 50 toneladas.

IDR-Paraná

O IDR-Paraná trabalha junto aos produtores, em especial os da agricultura familiar, prestando consultoria em diversos segmentos da produção rural, entre eles a implantação de estufas. “O principal objetivo do IDR-Paraná é o desenvolvimento rural sustentável dos produtores e de suas famílias. Os agricultores são orientados no sentido de adotar o manejo correto do solo e das culturas, além de outras técnicas, como o cultivo protegido, que resulta em maior produtividade e qualidade do produto”, afirmou Valdir Ast.

Além das orientações, o IDR também contribui com a elaboração de projetos técnicos visando viabilizar financiamentos. “Como o investimento para aquisição ou construção das estufas agrícolas, por exemplo, é alto, boa parte dos produtores busca a contratação desses valores junto aos agentes financeiros do município que operam o Crédito Rural, na linha de crédito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Assim, conforme o interesse, elaboramos os projetos técnicos para a contratação dos financiamentos”, ressalta.

A equipe local da entidade conta com três técnicos, sendo uma técnica disponibilizada pela Prefeitura Municipal. Além disso, o IDR atua em parceria com diversas outras instituições, como o CDAC (Conselho de Desenvolvimento Agropecuário de Colombo) e a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento.

Estufas em números

A seguir, confira um levantamento do IDR-Paraná sobre o alcance do cultivo protegido em Colombo:

Tipo de cultivoÁrea em m² e hectaresÁrea em %Número de produtores
Em solo227 mil m² /22,7ha58%82
Hidropônico120 mil m² – 12ha31%33
Semi-hidropônico43 mil m² / 4,3ha11%15
Total – Cultivo protegido390 mil m² / 39ha100%130
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