Quem passou pelo Parque Municipal da Uva entre os dias 4 e 7 de março percebeu uma paisagem bem diferente da que estamos acostumados. Em toda a extensão da área central do bosque, mais de duzentos caminhões e ônibus adaptados como moradia estiveram estacionados para o 2º Encontro de Motorhomes de Colombo. O evento serviu para reunir estradeiros de todo o país e apresentou ao público em geral o estilo de vida de quem decidiu trocar um lar fixo por uma casa itinerante, como é o caso do vendedor Jefferson Hoffmann, que deixou a cidade de Jundiaí junto da esposa. A ideia surgiu há quinze anos, mas o sonho só foi realizado há pouco mais de um mês, com a compra de um veículo adaptado. “Nós estivemos em uma feira de negócios e lá havia um motorhome exposto. Minha esposa entrou nele e se apaixonou. E aí colocamos no plano e a partir de então perseguimos esse sonho”, disse Jefferson, que explicou as principais diferenças da vida sobre rodas em relação ao cotidiano da maioria das pessoas. “A cada dia você está em um lugar diferente, ou a cada semana, a cada mês, dependendo do roteiro que você vai fazer. Outra questão é que no motorhome você tem tudo minimizado de forma prática. Você simplifica a vida. Quanto maior é nossa casa, mais coisas vamos colocar dentro dela, a mobília, o armário cheio de coisas, você vai acumulando. No motorhome você tem somente aquilo que é necessário e o objetivo passa a ser a exploração dos lugares, conhecer pessoas”, detalhou.

Em geral, a maioria dos estradeiros mantém um endereço fixo e utiliza o motorhome apenas para viagens mais longas em períodos de férias. No caso de Jefferson, ele decidiu residir permanentemente no caminhão, totalmente equipado para o dia a dia. E tem um objetivo ambicioso. “Queremos fazer toda a costa do Brasil, do Chuí até o extremo norte e depois seguir pelo interior do país para conhecer os estados que faltam. Em uma segunda etapa, conhecer toda a América, do Ushuaia, na Argentina até o Alasca, nos Estados Unidos”, destacou. 

No Brasil, o mercado de motorhomes ainda é modesto e recente. Em todo o país, há apenas uma empresa especializada em veículos adaptados para moradia. Em 2009, o grupo Santo Inácio inaugurou uma linha de produção voltada exclusivamente para este nicho. “Se comparar com os Estados Unidos e com a Europa, no Brasil há uma demanda pequena, mas você percebe pelo encontro aqui em Colombo que estamos adiantados”, disse Benil Teixeira, representante da empresa, com sede na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. Segundo Benil, os veículos são montados a partir de chassis 0km, adquiridos pelo cliente, em três modelos específicos das montadoras Iveco e Mercedes-Benz. Embora a empresa não divulgue abertamente os valores, é possível estimar que um motorhome bem equipado custe em torno de R$ 500 mil.  

Grupo dos Estradeiros 

O evento foi promovido pela Prefeitura Municipal de Colombo, por meio das secretarias de Esporte, Cultura, Lazer e Juventude; Meio Ambiente e de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho. O secretário da Semec, Paulo Cesar Cardoso, destacou o papel econômico de eventos como o Encontro de Motorhomes. “Os novos visitantes conhecem nossos pontos turísticos ao mesmo tempo que movimentam a economia local”, frisou. A organização do evento teve a participação do Grupo Estradeiros do Paraná. A equipe, presidida atualmente por Clori Fátima de Moraes, tem como objetivo nos encontros dos estradeiros promover lazer e diversão entre os integrantes. “Desde criança queríamos montar uma Kombi, colocar um fogão e uma cama e sair pelo mundo. O sonho se realizou e já estamos há mais de vinte anos na estrada e há seis anos administrando o grupo. Costumamos dizer que nós montamos um condomínio em cada cidade. Nós visitamos as Prefeituras, solicitamos um espaço. É algo que não tem custo para o município, que são os nossos anfitriões. Como contrapartida, o encontro devolve aos munícipes dinheiro novo na praça. Nós montamos o condomínio e temos as necessidades básicas e não-básicas, como nós, mulheres, que gostamos de ir em uma loja ou outra, e consumimos na cidade por uma semana”, ressaltou Clori.  

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