O mês de maio é marcado pelo dia 13, em que há 133 anos, a então princesa do Império brasileiro, Isabel Cristina Leopoldina e tantos outros nomes e sobrenomes assinou a Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil, ao menos de maneira oficial, no ano de 1888. Porém, com o passar do tempo e com a força de novas narrativas provenientes de outros pontos de vista, o dia 13 de maio passou por uma ressignificação, tornando- se o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo. Naturalmente, a campanha se estendeu a todo o mês, em que são feitas ações de conscientização e luta contra este problema.

O especialista colombense da presença preta no Paraná, Adegmar Candiero, explica que o surgimento da campanha teve como ponto de partida a desmistificação da ‘libertação dos negros’ no país. “O mês de maio entra no calendário como Mês de Denúncia contra o Racismo para contrapor o discurso racista que afirma ter sido a Princesa Isabel que libertou os escravos. Ora, esta ‘história da carochinha’ não se sustenta diante dos fatos. A assinatura tardia da Lei no Brasil – o último a abolir oficialmente a escravidão – é resultado de pressão dos líderes abolicionistas, com protagonismo dos próprios escravizados e libertos”, afirma.

Candiero também enfatiza a necessidade de chamar a atenção da população para o problema, mas especialmente dos entes governamentais. “Como o próprio nome da campanha diz, o objetivo é denunciar esse nosso racismo de cada dia. Em meio a tantas campanhas e datas importantes, Maio Amarelo, Novembro Azul, Mês da Mulher, os assuntos relacionados ao problema do racismo acabam sempre invisibilizados. Isso se reflete no orçamento governamental também, que protela as políticas de promoção da igualdade, sempre deixando o problema do enfrentamento ao racismo para a próxima gestão”, aponta. 

Além disso, o Mês de Denúncia contra o Racismo convoca os brasileiros, de todas as cores e etnias, a fazerem o que a campanha pede: denunciem. “É importante denunciar. A identificação do problema, com provas e testemunhas, é fundamental para que o racismo continue a ser enfrentado com responsabilidade até a sua total erradicação. Precisamos de uma Colombo com mais isonomia e menos eugenia”, diz Candiero, que é colunista do Jornal de Colombo e publicou no mês de abril um guia completo com um passo a passo de como denunciar casos de racismo. Durante o mês de maio, o movimento negro, por meio de coletivos de mulheres negras, movimentos religiosos de matrizes africanas, agentes culturais e conselhos de direitos em Colombo, no Paraná, e em todo o Brasil, realiza diversas ações educativas e de protesto (ver abaixo).

O pesquisador relembra, porém, que a luta antirracista não acontece apenas em maio, mas deve ser encampada diariamente. “Para nós, o dia de se libertar da opressão é todos os dias; o dia da Consciência Negra é todos os dias do ano. A consciência se forma pelo aprofundamento e repetição; o letramento se faz todos os dias. A formação deve ser contínua tanto nas escolas quanto para os servidores públicos”, ressalta.

Confira algumas iniciativas durante o Mês de Denúncia contra o Racismo

Exposição Linha Preta nos Traços de Luz Amorim por Centro Cultural Humaitá
Exposição dos desenhos do artista Luz Amorim, que retratam 10 episódios marcantes da presença negra no Paraná, presentes no Roteiro Turístico Educacional “Linha Preta Curitiba”, guiado por Mel Reinehr e Adegmar Candiero
Data de abertura: 13 de maio
Local: Casa de Cultura de Colombo
Gratuito

Linha Preta Virtual: um roteiro turístico-educacional online
A Linha Preta é um roteiro turístico-educacional no Centro Histórico de Curitiba, apresentando os principais pontos de memória da presença negra em Curitiba e no Paraná. 
Data: 25 de maio (Dia da África)
Horário: 10h
Local: online
Inscrições: WhatsApp 41 98499-1845
Valor: R$ 20 

Lançamento do livro ‘História e Cultura Afro-colombenses: rompendo o consenso da invisibilidade e a visibilidade do consenso’.
O mais recente livro de Mel Reinehr e Adegmar Candiero já está disponível, pela Editora Humaita. Adquira o seu exemplar com os autores e receba pelos Correios. 
Contato: Whatsapp 41 99161-7961
Valor
: 20 reais

A invisibilidade é o ponto nevrálgico do racismo no Paraná
O Conselho Municipal de Curitiba convida para a Aula Magna com a Dra. Dora Lúcia Bertúlio.  
Data: 13 de maio
Horário: 19h
Local: Página do Facebook @comperconselhomunicipal
Gratuito

Instalação do Comitê Municipal de Colombo para a Caminhada de um milhão de negros e negras até Brasília
Com o intuito de organizar, em Colombo, a Caminhada de um milhão de negros e negras, Candiero convida os/as afro-colombenses para a instalação do Comitê Virtual. O movimento negro de Colombo foi convidado à coordenar o comitê estadual de organização da caminhada que, por conta da pandemia, está sendo pensada para março de 2022. 
Contato : WhatsApp 41 99161 7961

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