O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o ato simbólico que marcou os dois anos dos ataques de 8 de janeiro de 2023 para reforçar a resiliência democrática do Brasil. Durante o evento desta quarta-feira (8/01), no Palácio do Planalto e na Praça dos Três Poderes, Lula fez uma alusão ao filme “Ainda Estou Aqui” — que rendeu a Fernanda Torres o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama — e destacou: “Hoje é dia de dizer em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos, e que a democracia está viva.”

Apesar do tom otimista do discurso, o evento foi marcado pela baixa adesão de público e autoridades. Sem a presença dos presidentes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), a cerimônia oficial reuniu apenas ministros do governo que não estavam de férias, comandantes das Forças Armadas e líderes petistas. Na Praça dos Três Poderes, cerca de 1.200 pessoas participaram, conforme estimativa do site Poder360, baseado em fotos e monitoramento local.

AUSÊNCIAS NOTÁVEIS

A ausência dos chefes do Legislativo e do Judiciário foi particularmente sentida. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, e Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, estavam em férias no exterior. No STF, o presidente Luís Roberto Barroso não compareceu, sendo representado pelo ministro Edson Fachin. Deputados presentes eram, em sua maioria, aliados governistas.

Lula minimizou a baixa adesão e defendeu a importância simbólica do ato: “Eu vi a preocupação com alguns meios de comunicação se ia ter muita gente, pouca gente, se era fracassado ou não. Um ato de defesa da democracia, mesmo que tivesse uma só pessoa num palanque falando de democracia, já é suficiente para a gente acreditar que ela vai reinar neste país”, declarou.

O evento foi dividido em quatro momentos e teve início com a primeira-dama, Janja da Silva, que discursou por cerca de oito minutos, destacando a importância da cultura para a manutenção da democracia e criticando a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A reinauguração do relógio Balthasar Martinot, do século XVII — restaurado na Suíça sem custos ao governo brasileiro —, foi um dos destaques do primeiro ato.

No segundo ato, Lula e Janja descerraram a obra “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, restaurada após os danos causados pelos manifestantes de 2023. Já o terceiro momento ocorreu no Salão Nobre do Planalto, onde estavam ministros, apoiadores do governo e representantes de movimentos sociais. Deputados governistas discursaram, mas enfrentaram vaias ao mencionar o nome de Arthur Lira.

O esvaziamento do evento contrastou com a relevância simbólica da data. Enquanto o governo buscava reforçar a resiliência democrática, a ausência de figuras de peso e a modesta presença popular foram interpretadas como sinais de um desafio contínuo para mobilizar apoio em torno do tema.

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