No início do mês de fevereiro, o pesquisador e ativista Adegmar José da Silva, popularmente conhecido como Candiero, publicou o artigo intitulado História e Cultura Afro-Colombense. O trabalho tem como principal objetivo questionar e discutir o chamado ‘consenso de invisibilidade’, que tornou institucional e naturalizado o apagamento de personagens negros na história, e mais especificamente na história de Colombo. No documento, Candiero inicia contando sua própria vida no município, onde mora no bairro Jardim Osasco desde a década de 70, para depois revelar informações que são surpreendentes a muitos colombenses: a história de Colombo começa muito antes da chegada dos italianos, tanto com a presença de povos indígenas quanto de africanos nas regiões do Atuba, Palmital, Capivari e Bacaetava.
E diferente do senso comum, que coloca os negros daquela época apenas como escravos, este povo vivia, produzia, comercializava e tinha cultura própria e viva. “Se você for avaliar a história do Paraná, o afroparanaense é protagonista, pois contribui fortemente não só com força física, mas com inteligência e tecnologia. Nós temos que romper com esse consenso da invisibilidade”, determina Candiero, que é incisivo em discutir o que tem de ser discutido. “As elites, as famílias que estão há 300 anos no poder no Paraná não querem falar disso, porque é jogar contra o patrimônio deles. A riqueza deles foi construída em cima da força e da inteligência do negro e do índigena. Mas há esse consenso de não contar essa história. Essa presença foi importante em todas as cidades centenárias do Paraná. Precisamos incluir mais pessoas nessa história, porque fazer isso é uma certeza de termos um futuro com mais isonomia, mais paz”, reforça o pesquisador, durante entrevista realizada em sua residência, um verdadeiro templo de pesquisa da história negra
A leitura do artigo é extremamente leve e causa uma imersão a diferentes épocas. Você se sente parte da Colombo antiga ou da Colombo que viveu o boom populacional a partir dos anos 80. “Buscamos um formato que todos pudessem compreender. Que pudessem entrar nesse tema de difícil tradução de maneira leve. De te colocar dentro desse universo. Essa forma de escrita a gente chama de escrita negro-brasileira”, explicou. “Você já se cortou e não sentiu? Sabe quando você passa a mão em um mato, você foi cortado e nem vê que foi cortado? O texto é uma navalha. Quando você vê, já entrou. A gente prima pela honestidade intelectual. Não tem mentira, é uma coisa muito natural, simples, mas é de verdade”, acrescentou. “Isso é o Candiero ensinando. Desde sempre a gente discute coisas complexas de um jeito leve, com música, história, causos, ditos”, completa Melissa Reinehr, companheira do ativista na vida e nas muitas pesquisas feitas diariamente.
O artigo, de 72 páginas, pode ser acessado gratuitamente no site do Centro Cultural Humaitá.
Lei Aldir Blanc
A produção do artigo foi custeada pela Lei Aldir Blanc, criada no país em 2020 com o objetivo de amparar os trabalhadores do setor cultural durante a pandemia. “Estamos dando um salto de qualidade. Este é um primeiro artigo falando disso. Fico feliz que veio com recurso público. Vejo que Colombo está crescendo e daqui a pouco vai ter também uma Secretaria de Cultura forte por conta da pluralidade étnica e cultural que nós temos nessa cidade”, pontuou Candiero. No entanto, o pesquisador ressalta a histórica falta de investimento público em Cultura, e em especial em manifestações populares. “A gente nunca teve recurso. O recurso reduzido que tem para a Cultura geralmente é direcionado para uma cultura específica. Não me lembro de ter um edital em Colombo que contemplasse, por exemplo, a cultura popular, não vou nem falar em cultura negra”.
Outra questão levantada é a necessidade de cumprimento da Lei 12.288/10 (Estatuto da Igualdade Racial). “Se o município cumprisse a lei, Colombo teria um conselho municipal e um órgão gestor de promoção da igualdade para fazer algumas adequações necessárias. São pequenos ajustes históricos que estão acontecendo em todo o Brasil e nos países onde houve a diáspora africana. Em especial durante a Década dos afrodescendentes proposta pela ONU (2015-2024), cujo tema é Justiça, Reconhecimento, Desenvolvimento e enfrentamento às discriminações múltiplas e agravadas”.
Quebrando a invisibilidade
História e Cultura Afro-Colombense é uma produção que registra uma parte importante da história local, e alerta para os problemas do apagamento sistemático da cultura de uma população que representa cerca de 31% dos colombenses. Para Candiero, quebrar essa invisibilidade tem vários caminhos, mas sua escolha foi a educação. “Nós somos fazedores de cultura e estamos nos dedicando nessa questão porque é aí que vai acontecer a transformação. Eu vejo que as coisas vão se complementando. Primeira coisa é dar visibilidade. Quando a Prefeitura deu visibilidade ao artigo, por exemplo, chegou ao Jornal e está chegando em outras pessoas. Por mais que eu coloque no Facebook, no WhatsApp, fica na bolha. Por mais que leiam, fica naquela bolha e precisa sair. A consciência se faz sempre, não fazendo algo hoje e outra coisa só no 20 de novembro (Dia da Consciência Negra)”, destaca.
O pesquisador também ressalta a importância de que a postura inclusiva deve vir de quem está no poder. “É preciso ter formação. Todo o gabinete da Prefeitura, todas as secretarias deveriam receber uma formação. A partir disso, esses dirigentes, um pouco mais sensíveis, quando forem fazer alguma política, não vão fazer com um recorte étnico único e específico, e iriam levar em consideração essa pluralidade”, afirma.
Perfil
Resumir Candiero apenas ao título de pesquisador e ativista foi a solução simplista para categorizar a personagem da reportagem. Adegmar José da Silva também é compositor, batuqueiro, capoeirista, fundou o Centro Cultural Humaita – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afrobrasileira; foi Assessor Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Curitiba; Conselheiro Nacional de Cultura; Conselheiro Nacional de Promoção da Igualdade; membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Paraná; membro do Centro de Letras e da Feira do Poeta; e membro do Fórum Permanente de Educação e Relações Etnicoraciais do Paraná. Outro trabalho de destaque, que contou com a contribuição de Melissa e de outros 19 pesquisadores, foi o Caderno Pedagógico Oralidades Afroparanaenses, elaborado de forma independente e direcionado para distribuição em escolas paranaenses.
Já li no artigo e recomendo.
Gratidão querida Mari.
Muito bom
Gratidão, querida imã.
Muito bom
Muito importante o artigo, com profundidade, sensibilidade, muita pesquisa e estudo. Meus parabéns ao autor Zelador Cultural Mestre Candiero, precisamos muito de materiais e produções científicas nesta área.
Gratidão nobre vereador Anderson. Seu apoio foi importantes nesta luta que só esta se iniciando….
Sim. Essa discuçao é importante para a visibilidade de uma grande cidade e seus moradores… Qndo você se reconhece, ou se conhece , tudo ao seu redor muda.. Toma outros rumos, outras vertentes de histórias. Incrível
Excelente análise crítica, sobretudo considerando sua importância e necessidade. Imprescindível analisar de que maneira o poder da branquitude transita nas estruturas sociais e instituições públicas e particulares. Discutir a promoção da Igualdade étnico racial é dever da Administração Pública, bem como da Sociedade. Parabéns Candiero e Melissa pelo rico artigo.
Gratidão, querido Dr Diogo, a luta não para.
Muito orgulho de fazer parte desta história! Parabéns pela trajetória persistente e consistente, Candiero!
Querida doce Mel….você é um anjo que Olorum colocou em minha vida.
É muito importante relembrar, trazer para discussão, e conhecimento da nossa história.tema uma importante trazido pelo nosso amigo candieiro, precisamos conhecer melhor nossa identidade.
Querida Maria Natalina, a caminhada se faz caminhando…Estamos no caminho?!
Adorei a forma da contação desta história, um fato curioso é que ao ler o artigo me identifiquei com a narrativa…é realmente um trabalho de grande importância para a memória da cidade de Colombo -PR.
Querido professor João Damas, a mãe capoeira nos ensina… Eu preciso aprender.
Como sempre o nobre Candiero aponta a negritude no Parana com sapiência e sabedoria pra falar de seu povo, nunca destoando a necessidade do branco em nossos rompimentos das barreiras que nos avizinham, parabéns a sua pesquisa e seu artigo que recomendo ser lido e trabalhado
Nobre Dr José Luiz, gratidão por me inspirar…Juntos somos mais fortes.
As histórias precisam serem contadas por outros, não só pelos donos da terra, mas também por construtores e trabalhadores que viveram na pele a dificuldade e as conquistas, na maioria envolvendo a própria família, Parabéns pelo Artigo, e que novas vozes consigam ecoar em todos os terrenos, mesmo que calçados ou despidos.
Querido mestre Claudinei, gratidão por estarmos na mesma caminhada.
Um tapa no corações apertados que compreendem a bela causa. Mais que uma aula, uma imersão para beliscar a memória e compreendermos a postura política que precisa estar alimentada e alerta a cada passo, a cada atitude, em cada palavra a qualquer diálogo sobre o tema??????????✊?
Nobre Rafael…Ainda que eu falasse a língua do homens
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria…entre o certo e o errado eu continuo com a Mãe capoeira e a poesia.
Artigo muito bem feito, e o pesquisador é uma pessoa incrivel. Que esta dando visibilidade a historia pouco conhecida da Cidade de Colombo.. E para todos os AFROCOLOMBENSES. Parabéns!!!!
Gratidão querida irmã.
Bem até que um dia teríamos alguém com gabarito, intelectual para olhar para questões que estão aí aos olhos de todos, mais na verdade e uma forma de ver mais não prestar a atenção a tudo que está alí bem embaixo de seu nariz. A verdade e que mêsmo que seja passos de formigas está caminhando para um novo momento da população afro brasileira. Que mais pesquisas como está venha para elucidar o nosso povo e fazer com que eles tenham mais orgulho do que é pós somos todos decentes de homens e mulheres, que acreditavam em um mundo mulher não queremos ser mais ou menos só queremos que a história seja contada sem tantas omissões. O nosso povo está cansado de ser enganado, parabéns mestre candieiro por mais está grande contribuição.
Querido irmão José Jorge, é necessário uma aldeia inteira para educar uma criança diz o ditado africano..o seria necessário para para mudar este inconsciente coletivo?
Querido irmão José Jorge, é necessário uma aldeia inteira para educar uma criança diz o ditado africano… O que seria necessário para para mudar este inconsciente coletivo?
Excelente artigo… Colombo precisa de mais pessoas interessadas na cultura afro de nossa cidade. O próprio poder público demonstra pouco interesse pelo assunto , então cabe a nós colombenses compartilhar e divulgar a história afro de nosso munícipio.
Querida Stephanie, a cultura negra traz o matriarcado africano para o centro do debate…Acredito que esta gestão tenha mais sensibilidade para lidar com um tema tão importante para uma grande parcela dos habitantes da nossa cidade. GRATIDÃO
Antes de tudo, parabéns a Candiero e Melissa Reinehr pela coragem em descortinar a historiografia que velou matizes essenciais da percepção histórica. De outra forma, o artigo traz à tona o que outros pretenderam tornar inexistente. Algo que estava já escancarado, do ponto de vista da constituição histórica e social de fundos históricos ( no sentido da profundidade histórica, do arquivo oficial que deve ser lido a brainstorming, a “contra pelo” )colombense. O Poder exercido pelo olhar eugênico da dominação, que insiste em afirmar que são entrelinhas. Se entrelinhas, nem sempre importantes ou podem ser vistas. Faca dialética de discurso em dois gumes de dominação. Dominação esta, exercendo de maneira pontual a segregação aos povos de África e América estabelecidos também em terras colombenses. Principalmente por aqueles que vieram depois, segregados também, mas que fizeram segregar. Se antes a consciência e o olhar não via o pertencimento e nem estava instrumentalizado para ser mais assertivo, hoje deve e tem que ser prática obrigatória e inevitável.
A história enquanto método, não faz julgar a constituição histórica do passado. Não é possível cometer a anacronia. Mas, felizmente, a história enquanto método contemporâneo, contribui sobremaneira e de forma essencial para que os culpados reparem seus equívocos. Outrossim, sentem no banco dos réus. Já se viu o que se praticou no passado, então historicamente persistir no que foi escárnio humano,cultural, social, seria persistir no não reconhecimento e na segregação das etnias que quiseram e insistem em racificar. O mundo tem procurado reparar o “equívocos”, nas cotas, nas leis, no reconhecimento, na oportunidade da luta igualitária. Seria excelente, de bom alvitre e verdadeiramente humano, se o poder público voltasse seus olhos para as questões apontadas por Candieiro e seus pares que, pares somos todos nós. Seria ação sócio política de peso.
O artigo em questão traz à baila e faz fremir no ar, séculos de tentativas de domínio sobre negros (colocados numa mesma vala), e nativos da terra (cognominados índios), que de maneira hercúlea resistem e lutam contra o alterego da “ignorância culta” ( aqui um neologismo ).
No artigo temos o percurso histórico das lutas daqueles a quem foi tentado sucumbir a existência. São prévios capítulos e ou epígrafes para tese doutoral, antropológica e histórica de precisão linguística. Mas, antes de tudo tem um caráter humanitário da busca do reconhecimento da igualdade entre povos que se feridos sangram sangue igual.
Fernando Schinimann
Historiador
Dr em História Africana, povos e migrações.
Querido professor Fernando, fico feliz que este trabalho despretensioso pode ser observado por pessoas qualificadas e com autoridade no assunto. Minha gratidão e meu respeito pelo senhor.
Só a luta pode garantir avanços sociais principalmente de negros. Não esmorece amigo Candiero
Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Bertolt Brecht
“eles” tiraram nosso idioma ,roupa ,nome, familia,até nossa alma, mas resistimos nos navios, nos quilombos com aqualtune, dandara, zumbi, nos terreiros,no movimento negros e negra na capoeira … o candiero e simbolo dessa resistencia, seu artigo é uma fonte de luta ainda. parabens
Nobre Adir, como diz wilson Simonal…lute mais que a luta está no fim…
apesar de tudo que presidente lula fez, lei 10639 historia dos negros\negras do brasil e da africa na escola, criação da sepir, criação dos conselhos de promoção da igualdade etnico\racial,politica de cotas, estatuto igualdade, ainda precisamos muito do seu artigo e da sua luta pela visibilidade de negras e negros no brasil e em colombo,parabens
Querida Laura, construimos um trabalho a varias mãos e inteligencias chamado CADERNO PEDAGÓGICO ORALIDADES AFROPARANAENSES, se tornou uma ferramenta valiosa na implementação da lei 10.639/10 vale a pena conferir.
https://pergamum.curitiba.pr.gov.br/vinculos/000066/00006614.pdf
https://informativocentroculturalhumaita.wordpress.com/2019/01/02/caderno-pedagogico/
Querida professora Laura, construimos um caderno pedagógico intitulado Caderno pedagógico oralidades afroparanaense, penso ser importante para a implementação da lei 10.639/10 segue o link para conferir.
https://informativocentroculturalhumaita.wordpress.com/2019/01/02/caderno-pedagogico/
https://pergamum.curitiba.pr.gov.br/vinculos/000066/00006614.pdf
Candieiro abordar de forma direta e corajosa, um aspecto da cultura intelectual brasileira que não vemos apenas em Colombo mas no Brasil todo. Enquanto historiador e pesquisador da cultura negra afirmo com veemência que negar a participação ativa de uma cultura viva negra na história do Brasil é uma forma de racismo institucionalizado, a história ainda é contada apenas pelo prisma dos vencedores. Neste aspecto, o artigo do Candieiro é um verdadeiro “tapa na cara” dessa elite intelectual que se apoderou a séculos da autoridade de dar sua cara a história excluindo aqueles que julgam “perigosos em conhecer” a própria história. Espero sinceramente que esse artigo seja apenas um primeiro passo para que outros pesquisadores se influenciem em seguir o mesmo caminho es de forma corajojosa, retirar o tapume que ofusca os feitos realizados por pessoas corajosas produtoras de história e cultura, que contribuíram e contribuem para Bowie chamamos de civilização brasileira, mas que no entanto ainda permanecem relegados a um papel de segunda importância pela historiografia racista e eugenista atual. Parabéns Candieiro pela iniciativa, e que venham muitos mais Candieiros para balançar esse sistema.
nobre professor Leandro, como diz o ditado africano;
ENQUANTO OS LEÕES NÃO CONTAREM AS SUAS HISTÓRIA PREVALECERÁ A VERSÃO DOS CAÇADORES.
nossa!!!! perfeito li e adorei super indico
Gratidão querido Ademilson.
Fundamental a leitura desse artigo. Candiero traz luz aos temas mais importantes de serem debatidos e compreendidos. Em tempos de obscurantismo ler a obra desse grande pensador Colombense é ouro.
Gratidão querido Fabio, em tempos de obscurantismo precisamos ser candeeiros.
A luta continua
Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Bertolt Brecht
Parabenizo meu amigo e irmão Candiero pelo posicionamento.É necessário realçar o papel e a presença dos negros na sociedade,frequentemente minimizados,em especial nessa região,onde a tradição europeia tende a obscurecer a cultura e a ancestralidade afrobrasileiras.
Gratidão Dr.Roberto.
Muito bom meu amigo muito bom
Gratidão nobre José Luis, briga tem hora pra acabar…A luta é pra vida toda.
Caríssimo Mestre.
Seu comprometimento com a verdade histórica afroparanaence é de total relevância ,me faz acreditar a cada dia que não estamos sozinhos.
Acredito em seu trabalho, principalmente pelo que tem contribuído para educação. Há um longo caminho ,principalmente à falta de investimentos culturais e projetos dentro da escola.
Precisamos muito de sua ajuda.
Prezada professora Rosane, a caneta da história está em nossas mão…Nós é quem somos gratos pelo seu carinho.
Show, excelente trabalho, precisamos mostrar a relevância da trajetória afroparanaense, parabéns Candeeiro pela pesquisa e gratidão pelo presente que você nos da tanto aos paranaenses de boa vontade como para os afrosparanaenses. Um artigo recheado de informações reveladoras sobre o universo afroparanaense e afrocolombense, me sinto linsogeado lendo esse artigo e por fazer parte dessa massa que tanto fez e tanto faz para o desenvolvimento do Paraná e do Brasil. Sou afroparanaense e não devo nada a ninguém. Show meu irmão, parabéns e muita gratidão.
Nobre Geraldo, o pensamento africamo nos ensina… JUNTOS SOMOS MAIS FORTE.
E de Extrema importância o artigo exposto pelo Mestre Candieiro, a história e o reconhecimento de nossa ancestralidade nos faz ser pertencentes do território que ocupamos e principalmente regata a auto estima do povo a margem de nossa periferia, obrigado pela contribuição Mestre e gratidão pelo espaço cedido por este jornal ao trabalho e reconhecimento do Mestre! Axé!
Nobre irmão, como dizia Sabotagem…O RAP é compromisso, não é viagem.
Gratidão pelo carinho.
Parabéns ao Mestre e Zelador Cultural Candiero, tanto pelo texto que está muito bem escrito, como também pela sua trajetória de luta em favor da iguadade racial no Paraná e, de maneira particular, em nosso município. Com certeza a pesquisa é muito representativa, pois nela escutamos a voz dos afro-colombenses.
Nessa direção, o trabalho é uma aula sobre o assunto, pois de forma muito instigante nos leva à pelo menos 3 recortes históricos da presença dos afro-descendentes em terras colombenses:
O primeiro, remete-nos a vinda dos valorozos mineradores provenientes da Costa da Mina Africana, que com seu conhecimento técnico na extração aurífera, muito contribuíram com o desenvolvimento dos primeiros povoados que surgiram nas margens dos rios Atuba e Capivari nos séculos XVI e XVII, assim como, com a ativa participação na criação das fazendas de gado e produção de erva-mate que ocorreram nos sítios da antiga Sesmaria do Palmital durante os séculos XVII, XVIII e XVIII.
O segundo recorte, diz respeito as décadas de 1970 e 1980, quando um grande número de famílias afro-descendentes também se fixou em nossa terras, como por exemplo no Jardim Osasco, como fica evidente na narrativa do autor. Para mim, este é o ponto alto do trabalho do amigo Candiero, pois neste capítulo ele narra a construção da sua identidade Afro-Colombense. É perceptível ao ler a narrativa que essa forte identificação etnocultural se dá em meio as semelhanças e diferenças, ou seja, por meio do contato multiétnico vivido por ele com as alteridades presentes, como por exemplo a presença dos descendentes de poloneses na região.
E, por fim, mas não menos importante, um terceiro recorte seria a recente chegada dos haitianos e venezuelanos.
Todos esses apontamentos nos levam a perceber duas coisas: 1. a necessidade de mais pesquisas sobre a história da nossa cidade e 2. a diversidade étnica e cultural existente em nosso município. Ambas percepções, aumentam a nossa responsabilidade na luta pela isonomia, em um espaço geográfico que é ao mesmo tempo berço da imigração italiana no estado e terra de todas as gentes.
Fábio Luiz Machioski
Doutorando em História/UFPR pela linha de pesquisa Intersubjetividade e Pluralidade: reflexão e sentimento na História e Membro do Centro de Estudos Vênetos no Paraná.
Nobre professor Fábio, gratidão pelo carinho. Fico feliz em saber que o senhor pôde ler este pequeno artigo de grande importância. Percebo que faltou honestidade intelectual de alguns historiadores paranaenses ao contar a história da presença negra… Ferrarini foi um deles: conseguiu a proeza de escrever vários livros e “esquecer” a importante contribuição dos afro-colombenses antes da chegada das várias etnias europeias. Máximo respeito aos nossos irmãos ítalo-colombenses mas, se perante Deus somos todos iguais, então por que perante a administração pública não há isonomia? Por exemplo, o último censo mostrou que a população de afro-colombenses é maior que a de ítalos-colombenses. Ora, se contribuímos na construção deste território que veio a se tornar a cidade de Colombo, se contribuímos com impostos… Que outro nome senão racismo podemos dar a este apagamento reiterado e caricaturização pejorativa da nossa presença? A estes esquecimentos crônicos e estereótipos recorrentes? Além das duas considerações finais sobre a necessidade de revisarmos a nossa pesquisa histórica e valorizarmos a diversidade étnica e cultural existente em nosso município, eu incluiria ainda a necessidade de implementarmos a lei 12.288/10 em todos os âmbitos da administração pública. Afinal, o racismo é um “crime perfeito” e quem cala consente. Precisamos denunciar. Precisamos desconstruir essa cultura de embranquecimento que atingiu até mesmo a imagem de Jesus Cristo. Bem aventurados sejam os que clamam por justiça! Gratidão por sua contribuição.
Séculos XVII, XVIII e XIX*
O artigo é importantíssimo! É fundamental esse resgate histórico e fortalecimento destes importantes personagem, que tiveram grande relevância na formação sócio cultural da cidades. Parabéns, mestre Candiero!
Muito importante levantar essa discussão, parabéns meu amigo. Que através destes e outros estudos nós como sociedade possamos conhecer a verdadeira história das cidades do nosso Paraná, e não apenas aquela dos livros didáticos.
Querida Muriel, gratidão pelo apoio e o carinho.
Sonho que se sonha juntos é realidade.
Daqui do meio do atlântico(Cabo Verde), onde ocorreu a primeira experiência de desassimilação forçada sistemática dos negros africanos, processo denominado de “ladinização” ,que consistia em afastar o negro, ao máximo ,de suas raízes ancestrais,por forma a docilizá-lo e torná-lo,assim, numa peça mais valiosa no Brasil OU mesmo no reino, saúdo o mestre Candiero, cuja obra está em perfeita sintonia mundial com um movimento crescente de desmascaramento dos embustes históricos acerca da África e dos africanos, propalados e compilados académicamente por séculos no universo Ocidental ,como parte de um amplo projecto de invisibilização histórica do esplendor ancestral africano, por forma a poder justificar as atrocidades cometidas contra o nosso povo.
Sendo assim, a invisibilização da real contribuição dos afrodescendentes na diáspora constitui Uma continuação do processo maior de invisibilização negra no ocidente, que escamotea a real dívida civilizatória que este mesmo ocidente tem para com a civilização kemética negra, que forneceu mestres e tutores a todos os filósofos gregos, ” pais” das ciências e patronos das academias ocidentais, referidos como os pilares da civilização ocidental.
A necessária descontrução de tais narrativas invisibilizantes terá que passar pelo resgate local de cada comunidade negra e de suas personagens ,compondo o mega- puzzle mundial de reconhecimento do real valor do negro,seu engenho,sua arte, sua sabedoria,sua tecnologia, sua determinação e de suas riquezas, no florescimento de praticamente todas as nações ocidentais modernas.
O puzzle da comunidade Afro-colombense já foi revelado. Que se revelem os próximos!
A nossa luta é comum. AXÉ!!!
Nobre professor Kwame Gamal, em breve estaremos em Africa(Cabo Verde) fazendo nosso axé.
Gratidão pelo carinho.
Olá Grande Candiero. Você sabe muito bem, que a Cultura do Paraná nunca reconheceu a importância dos nossos irmãos Africanos e Portugueses. Na cabeça dos Paranaenses aqui nunca existiu Escravidão. Reconheci isso e verifiquei qua do comecei estudar a Biografia da Afro-Brasileira Maria Boenno. A maioria dos documentos sobre a Escravidão e Portugueses aqui no Paraná foram criminosamente destruidos. Você encontra alguma coisa no Arquivo Público do Paraná e tem que ter muita paciência. No Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, no Arquivo Nacional e no Instituto Histórico, você ainda encontra muitos documentos sobre a Escravidão do Brasil e do estado do Paraná. Cada pesquisa que realizamos, sempre encontramos grandes surpresas que foram escondidas do livros de História. Na cabeça dos Paranaenses, foram somente os Europeus que construiram a Regi6 Sul, fato que não é a verdadeira realidade. Eu como você penamos um pouco quando apresentamos um trabalho SÉRIO, sempre coisas novas, que maioria dos casos causam grandes choques. A realidade dos fatos históricos no Brasil, nunca foram contadas, sempre foram escondidas tenho certeza para beneficiar alguém e ao mesmo tempo criar falsos heróis. Tenho certeza que você está no caminho certo, precisamos mostrar para esse povo que vive na escuridão da ignorância o que é uma verdadeira História!!!.
Querido mestre Edvan, nosso Barão Potyguaras gratidão pelo carinho e apoio de sempre… Sou do tempo do vinil, neste tempo se ouvia os dois lados da história. Continuaremos a contar historias que a “escola” não conta. Viva nossa oralidade afroparanaense.