Dois jovens talentos de Colombo brilharam como finalistas da primeira edição do Propulsão Comunica — uma potente iniciativa do Comitê de Cultura do Paraná, vinculada ao Ministério da Cultura. Dener Lucas Kluck, idealizador da campanha “Catadoras e Catadores do Amanhã”, e Ágatha Iara da Rocha da Silva, estudante de administração na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e criadora do projeto “Vozes Que Transformam”, se destacaram entre dezenas de participantes de todo o estado com propostas criativas, engajadas e cheias de propósito. Ambos concederam entrevista exclusiva ao Jornal de Colombo, compartilhando suas trajetórias, inspirações e a força transformadora da juventude colombense.

Catadoras e Catadores do Amanhã documentário

Dener Lucas Kluck veio ao Jornal de Colombo para falar sobre seu trabalho frente ao Catadoras e catadores do amanhã: a classe essencial e invisível, mas também do Propulsão Comunica. Foto: Rogério Duarte/Jornal de Colombo

Publicitário e ativista ambiental, Dener Lucas Kluck é morador de Colombo e uma das principais vozes do movimento Lixo Zero no município. Embaixador do Instituto Lixo Zero Brasil, ele atua na cidade por meio de ações de educação ambiental, campanhas audiovisuais e mobilizações de base que têm como objetivo fortalecer o cuidado com o meio ambiente e com as pessoas que dele cuidam.

Foi dessa motivação que surgiu o documentário Catadoras e Catadores do Amanhã, peça central da campanha homônima apresentada ao Propulsão Comunica. A produção, financiada com recursos da Lei Paulo Gustavo, dá visibilidade ao trabalho dos catadores e catadoras de materiais recicláveis, destacando suas histórias de vida e o papel fundamental que exercem na cadeia da sustentabilidade urbana.

Participaram da produção cinco importantes associações de catadores de Colombo:

  • 3 R’s (Leonilda Cruz Rambo, 203 – Mauá);
  • Bocaiúva (Luíz D’Agostin, 645 – Liberdade);
  • Emanuel (Rua Haiti, 106 – Rio Verde);
  • RESOL (Rua do Ipê, 03 – São Dimas);
  • Santa Tereza (Rua do Quivi, 73 – Arruda). 

Juntas, elas representam trabalhadores que diariamente atuam na linha de frente da gestão de resíduos, mesmo enfrentando precarização, invisibilidade e falta de reconhecimento por parte do poder público.

Mais do que um filme, para ele, o projeto é uma intervenção comunicacional pensada para provocar empatia, reflexão e transformação social.

“A gente fala sobre lixo, mas está falando sobre pessoas”, explica.

Segundo Dener, o documentário foi uma forma de usar a linguagem audiovisual para combater o estigma em torno da profissão e valorizar os trabalhadores da reciclagem, frequentemente invisibilizados pela sociedade.

Um ativismo que une arte, educação e impacto social

A atuação de Dener se diferencia no cenário ambiental por ter a comunicação como ponto de partida. Formado em publicidade, ele usa suas habilidades criativas para engajar pessoas em temas como consumo consciente, compostagem, redução de resíduos e justiça climática.

Em Colombo, promove oficinas, ações educativas em escolas e projetos artísticos com foco em protagonismo infantil e sustentabilidade — como um livro de atividades que transforma crianças em coautoras da história.

“A maioria das pessoas que atuam com o Lixo Zero são de áreas técnicas como Biologia ou Engenharia Ambiental. Eu venho da comunicação e do audiovisual. Gosto de fazer algo que toque, que sensibilize. Não quero só implementar política, quero inspirar mudança”, afirma.

Comunicar é plantar sementes

Seu trabalho já foi reconhecido em nível nacional. O documentário Catadoras e Catadores do Amanhã venceu a categoria Melhor Ação Audiovisual no Prêmio Lixo Zero, promovido pelo Instituto Lixo Zero Brasil. A premiação, que ocorre anualmente em diferentes cidades do país, celebrou em Salvador (BA) as iniciativas mais impactantes do ano — e levou Dener a representar sua equipe e as associações de catadores envolvidas.

Catadoras e Catadores do Amanhã documentário

Capa do documentário Catadoras e Catadores do Amanhã: a classe essencial e invisível. Foto: Colaboração/Jornal de Colombo

Um dos destaques do projeto foi a preocupação com a acessibilidade. Seguindo as diretrizes da Lei Paulo Gustavo, 10% dos recursos do filme foram destinados à produção de uma versão com audiodescrição, permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão também possam assistir ao documentário. Essa versão inclusiva será exibida em breve no Instituto Paranaense de Cegos (IPC), em Curitiba. No momento, a parceria, que ainda está em processo de oficialização, segue sem uma data oficial para que possa acontecer.

Para Dener, o reconhecimento no Propulsão Comunica veio no momento certo. Com a rotina puxada de trabalho voluntário e militância ambiental, nem sempre é fácil tirar ideias do papel.

“A gente planta para depois colher. Muita coisa a gente faz sem nenhum recurso, no tempo que dá. Ser finalista foi um impulso, um respiro para continuar.”

Veja o documentário completo aqui. Entre 26 participantes de todo o estado, Ágatha Iara ficou em 11º lugar na votação pública do Propulsão Comunica. Denner Kluck ficou em 13º.

Sobre o Propulsão Comunica

Depois de três dias de maratona presencial em Curitiba, 26 participantes criaram campanhas digitais a partir de suas ideias, territórios e causas. Foi uma jornada intensa de formação, produção e troca — onde a comunicação foi usada como ferramenta de redes, defesa de direitos e fortalecimento coletivo.

As campanhas passaram por votação pública entre os dias 1 e 8 de maio. Mais de 5 mil pessoas participaram da escolha, valorizando propostas que combinaram criatividade, propósito e impacto.

O Propulsão Comunica é uma realização do Comitê de Cultura do Paraná e do Laboratório de Cultura Digital da UFPR, com apoio do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba, FETEC-PR, APP-Sindicato, Acria, Construção Nacional do Hip Hop no Paraná e Máquina de Ativismos da UFPR.

Ao lado de Ágatha (clique aqui e acesse a entrevista completa feita com ela), Dener mostra que Colombo tem juventude comprometida com o território, com as causas sociais e com uma comunicação que transforma realidades.

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