Data reforça a relevância do livro didático no aprendizado dos estudantes e celebra iniciativas de inclusão e diversidade nas escolas.

A inclusão da diversidade na literatura didática é um passo fundamental para uma educação mais justa e plural. Foto | Rogério Duarte

 

Nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, é comemorado o Dia Nacional do Livro Didático, um momento de reflexão sobre o impacto desse material na educação brasileira. No Paraná, iniciativas recentes reforçam o papel dos livros na valorização da cultura negra, como a distribuição de obras que resgatam a história afro-paranaense.

Criado para democratizar o acesso à educação, o livro didático tem sido um pilar essencial na formação de milhões de estudantes no Brasil. Desde 1985, com a criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o governo federal investe na distribuição gratuita desse material para escolas públicas, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades no ensino.

No Paraná, a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) deu um passo significativo em agosto de 2024 ao promover a valorização da cultura negra na educação. Durante uma cerimônia no Gabinete da Secretaria, foram entregues os livros Oralidades Afro-Paranaenses: Fragmentos da Presença Negra na História do Paraná e Sankofa: A História dos Afro-Curitibanos, ambos publicados pela Editora Humaitá, de Colombo.

Além da distribuição dos livros, a iniciativa será ampliada por meio de eventos culturais, feiras literárias e exposições artísticas nas escolas, criando espaços de diálogo e promovendo um ambiente escolar mais inclusivo e representativo. Essas ações contribuem diretamente para a autoestima dos estudantes negros e para o combate ao racismo estrutural.

A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE NA LITERATURA DIDÁTICA

O responsável pela Editora Humaitá, Mestre Kandieiro, destacou a relevância do trabalho na preservação e disseminação da história negra no Paraná.

“Há um ditado africano que diz: ‘É necessário uma aldeia inteira para educar uma criança’. E nós, da Editora Humaitá, estamos buscando essa aldeia. A construção do livro pedagógico Oralidades Afro-Paranaenses contou com o trabalho de 18 professores especializados na área de educação.”

Kandieiro explicou que a editora surgiu da necessidade de preencher uma lacuna no mercado editorial. Criada em 2015 pelo Centro Cultural Humaitá, a Editora Humaitá tem o compromisso de contar histórias que não costumam ser abordadas nos materiais tradicionais. Desde então, já publicou 18 livros que resgatam narrativas afro-paranaenses e afro-brasileiras.

“Nosso foco é dar protagonismo aos intelectuais negros e a outras vozes marginalizadas. O ideograma que representa a Editora Humaitá é o Sankofa, símbolo da tradição africana que significa que nunca é tarde para voltar ao passado e resgatar o que foi esquecido.”

Para Kandieiro, a inclusão da diversidade na literatura didática é um passo fundamental para uma educação mais justa e plural. Ele reforça que a escola deve reconhecer e valorizar não apenas a história europeia, mas também os conhecimentos dos povos originários e africanos.

“A África é o berço da humanidade, da escrita, da matemática e da arqueologia. Não podemos privar nossas crianças desse conhecimento. A escola precisa ser plural e representativa.”

A valorização da diversidade nos livros didáticos é um avanço na construção de uma educação mais igualitária. No Dia Nacional do Livro Didático, a reflexão sobre o papel desses materiais na formação dos estudantes se torna ainda mais essencial para um futuro mais inclusivo e respeitoso.

 

Editado em 28/02/2025, às 11h23min.

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