Entre os dias 2 e 6 de agosto, a Associação Italiana Padre Alberto Casavecchia promoveu a realização da 15ª Settimana Italiana di Colombo (Semana Italiana de Colombo), que celebra a colônia italiana de Colombo. Em razão da pandemia, o evento foi realizado de maneira virtual, com lives diárias que debateram a cultura italiana no município e a cultura em geral, especialmente no atual momento de isolamento social.
A programação da Semana Italiana começou com a Santa Messa in Talian, uma celebração católica presidida pelo Padre Eugenio João Mezzomo no dialeto que ainda resiste no município de Colombo (ver abaixo).
No dia seguinte, na terça-feira, 3, foram iniciadas as conversas sobre cultura transmitidas ao vivo pela internet. Na primeira delas, a diretora do Departamento de Cultura de Colombo, Marinei Vidolin, e os servidores Angela Mottin (Biblioteca Municipal) e Fábio Machioski (Museu Municipal Cristóforo Colombo) discutiram “Os impactos da pandemia nas ações culturais em Colombo”.
Na quarta-feira, 4, o bate-papo “Língua de herança: uma ponte entre passado, presente e futuro” reuniu as professoras Fernanda Ortale (USP) e Karine Marielly (UFPR). Na quinta-feira, 5, a fotógrafa Giselle dos Santos (UTFPR) e a vice-presidente da Associação Italiana, Rosangela Kusma Gasparin, conversaram sobre o tema “História e Memória: o fotógrafo Luiz Franceschi e outras fotos do Acervo da Associação Italiana”. Luiz Franceschi é um italiano que chegou a Colombo em 1888 e é autor de algumas das mais antigas fotos do município, feitas a partir do ano de 1910.
Na sexta-feira, 6, no encerramento do evento, foi realizado o bate-papo sobre os “20 anos de trajetória da Associação Italiana: história, projetos e produções”. Participam da conversa os membros do grupo cultural Rosangela Kusma Gasparin, Fabio Machioski, Mara Francieli Motin e Franciele Lopes.
O organizador da Settimana Italiana, Diego Gabardo, destacou os principais objetivos do evento. “Nós, da Associação Italiana Padre Alberto Casavecchia, que este ano completa 20 anos de existência, juntamente com a Associazione Veneti nel Mondo – Colombo, acreditamos que a realização da Settimana Italiana di Colombo, que já está em sua 15ª edição, é um evento anual de grande importância, pois por meio dela revivemos e reforçarmos nossos laços com a cultura herdada dos imigrantes italianos que fundaram a Colônia em 1878, que logo se tornou Vila e que deu origem ao nosso Município em 1890. Por meio da religiosidade, da gastronomia típica, da dança, do canto, dos jogos, dos estudos de genealogia, história e memória, da língua italiana e do talian, promovemos uma série de eventos culturais durante uma semana como forma de homenagear nossos antepassados preservando as tradições e transmitindo-as para as novas gerações aquilo que recebemos como herança cultural”, afirmou.
Também na sexta-feira, foi realizado o único momento presencial da Settimana, com a Serata Veneta, realizada pela Cozinha Vini D’Agostin. O cardápio, somente para retirada, contou com codorna recheada, polenta, salada de escarola com bacon e feijão cavalo; risoto; macarrão caseiro com polpetta; sagu de vinho e tiramisú como sobremesa.
Todas as lives produzidas pelo evento estão disponíveis no Facebook da Associação (facebook.com/associacaoitaliana).
O que é o Talian?
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Talian é uma das autodenominações para a língua de imigração falada no Brasil na região de ocupação italiana, como os estados da região Sul do país. Ainda de acordo com o órgão, a origem linguística do Talian é o italiano e os dialetos falados, principalmente, nas regiões do Vêneto, Trentino-Alto, Friuli-Venezia Giulia e Piemonte, Emilia-Romagna e Ligúria. Durante a Semana Italiana de Colombo, o dialeto e sua preservação são discutidos e exaltados. “Um dos focos da Settimana Italiana di Colombo é o Talian, também chamado de língua vêneta brasileira ou dialeto vêneto. Essa língua está presente em Colombo há mais de 140 anos, desde a chegada dos primeiros imigrantes oriundos da região do Vêneto, no norte da Itália, no final do século XIX”, conta o historiador Fábio Machioski, presidente da Associazione Veneti nel Mondo – Colombo.
“O Talian é mantido por um número cada vez menor de pessoas em Colombo, mas em contrapartida ainda são bastante evidentes as variantes do trevisano, do alto vicentino e do veneziano. Uma característica bastante evidente na fala do Talian colombense é a supressão do L em muitas palavras, como por exemplo Polenta, que se diz POENTA, ou a vocalização desta mesma consoante, como em Colombo, que se torna COEOMBO, fenômeno linguístico característico do vêneto vicentino”, acrescentou.
Segundo o historiador, ações de preservação do dialeto são importantes para a manutenção da história e cultura local. “Entendemos se tratar de um patrimônio imaterial de nossa cidade, mas que precisa de ações tanto das famílias quanto da iniciativa pública para sua salvaguarda, antes que se perca”, disse.
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