No último dia 29 de outubro, o governador do Paraná, Ratinho Junior, prorrogou o estado de emergência em razão da estiagem por mais 180 dias. No último dia 4, inclusive, se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, em Brasília, para solicitar apoio do Governo federal. Localmente, os problemas são inúmeros. Além do rodízio de abastecimento que Colombo enfrenta, outras situações acabam causando consequências, como a erosão de áreas em torno do aquífero Karst.
Em reportagem recente do jornal Plural, foi apontado que a Sanepar, gestora da água no Paraná, já tinha ciência de uma possível crise hídrica desde 1995. Investimentos em gestão e preservação de mananciais eram a solução indicada por um relatório independente.
Na opinião do ex-secretário de Meio Ambiente de Colombo, Carlos Moretti, a situação vivida atualmente demonstra a exigência de novas ações que possam reduzir impactos ambientais e prevenir novas situações emergenciais como a atual. “Precisamos rever o contrato de concessão com a Sanepar. Como cidade produtora de água, não poderíamos estar passando por esse perrengue. Deveríamos ter um estoque de água para atender nossa população, quando faltasse do sistema da Sanepar. Nós estamos dando milhões de metros cúbicos por dia para o sistema da Sanepar, que não atende só nossa cidade. Para mudar isso é preciso uma legislação que consiga municipalizar a água em questões de segurança”, afirma.
De acordo com Moretti, é preciso se concentrar não apenas na situação específica da água, mas em problema sociais que afetam diretamente as questões de abastecimento. “Nós temos hoje cerca de dez vilas, que são áreas de ocupação irregular. O nosso município fechou os olhos para isso nas últimas décadas. É necessário fazer a regularização fundiária com as áreas de ocupação irregular, principalmente das vilas rurais, que hoje estão implantadas em cima do aquífero Karst, contaminando o lençol freático”, alerta.
Política ambiental
Moretti, que foi secretário de Meio Ambiente entre 2013 e 2015, no terceiro mandato da prefeita Beti Pavin e atualmente é candidato a vereador, acredita que políticas públicas que sejam voltadas ao meio ambiente contribuem diretamente com a população, como no caso da água, mas também beneficiam setores industriais. “Colombo está pronta para ser licenciadora ambiental. Isso agiliza processos para implantação de empresas, construção civil, até de um manejo de bracatinga, por exemplo. Hoje quem faz é o Estado. Curitiba, por exemplo, já tem sua legislação municipal”, explica.
O antigo dirigente também ressalta algumas ações que fizeram Colombo ser premiada com o troféu Eco Brasil. “Fizemos todo um trabalho de educação ambiental nas escolas e começamos com um calendário fixo de coleta seletiva. E com isso, desenvolvemos as cooperativas de catadores, gerando emprego e renda. Também fizemos a limpeza do Rio Tumiri, com uma máquina anfíbia, que inclusive foi criada aqui em Colombo, e o Parque da Uva voltou a ter vida. Além de um projeto de desassoreamento, em que tiramos até carros de dentro do Rio Palmital. Esse trabalho foi um marco na nossa história e acabamos sendo premiados”, destaca.