Recebemos na manhã da última quarta-feira, na redação do jornal a presença do candidato ao senado pelo Paraná, Sérgio Moro, que concorre ao cargo pelo União Brasil. Fizemos uma breve entrevista que você pode acompanhar pelo Facebook do jornal ou transcrita aqui no impresso.
JC: Qual o objetivo da sua visita hoje em Colombo? Já conhecia a cidade?
Sergio Moro: Eu resido em Curitiba desde 2002, Colombo faz parte da Região Metropolitana. Já estive aqui diversas vezes, tenho até uma sobrinha que é dentista aqui. E tem os pontos turísticos como a Estrada da Ribeira, a Festa da Uva, então a gente conhece a região aqui de Colombo. Hoje a gente veio fazer uma visita aqui na Prefeitura de Colombo e estamos aproveitando para prestigiar o Jornal de Colombo.
JC: Você estava no Podemos com a pretensão de sair como candidato à presidência. Você saiu do Podemos por vontade própria, foi para o União Brasil e eles não aceitaram sua candidatura a presidência? Foi isso que aconteceu?
Sergio Moro: Eu estava trabalhando no setor privado ano passado, e senti aquele chamado de volta à vida pública. Estava morando no exterior, então resolvi voltar ao Brasil. Num primeiro momento me coloquei como pré-candidato a presidência, porque acho que é importante tentar romper essa polarização, porque a gente tem circulado aí pelo Paraná, e Colombo não é exceção, e o que a gente ouve das pessoas? Elas querem soluções reais para os problemas concretos delas. Elas não querem entrar e muitas vezes ficar nessa briga ideológica, que não faz muito sentido. Então, coloquei meu nome. Chegou um momento que o Podemos, que é um partido que tem suas virtudes, mas é uma estrutura partidária muito pequena, começou a faltar o apoio dentro do partido, então eu fiz uma movimentação para o União Brasil e dentro do União Brasil não tinha desde o início a garantia da legenda. A gente ia lutar pela legenda, mas não tinha a garantia e eu tive que readequar os meus planos. Agora sou candidato ao senado e qual é o projeto? É levar os mesmos princípios e valores que marcaram minha carreira pública de segurança pública, mas também de combate a corrupção, de integridade na política, levar esses temas ao senado federal para ser uma voz independente e altiva representando o Paraná lá.
JC: No Podemos você chegou a ser correligionário do Álvaro Dias. Hoje ele é seu oponente, seu maior concorrente. A princípio, porque o Álvaro pode sair à presidência. Você acha que se o Álvaro sair à presidência você está eleito?
Sergio Moro: Não! Não existe nenhuma eleição ganha. Eleição ganha é eleição passada, quando você ganhou. Não sei se o Álvaro vai sair como candidato ao senado, parece que tem uma série de reflexões que ele está tomando, se vai ou não sair, mas a gente está tranquilo, a gente não está muito preocupado com adversário, a gente está preocupado em fazer nossas propostas. A gente preparou 5 propostas que a gente tem chamado “Para Transformar o Paraná e o Brasil”, está lá nas nossas redes sociais. Estamos preocupados também em falar sobre o que fizemos no passado, para mostrar coerência e o que a gente quer fazer. Porque a palavra é muito fácil, toda pessoa que é candidato vai falar que é contra a corrupção, agora, quem fez realmente alguma coisa? Quem realmente se expôs? quem assumiu riscos? A pessoa chega aqui e fala: lugar de bandido é na cadeia. Daí você vai ver a votação que ele faz lá no Congresso Nacional, tudo errado. Quem fez alguma coisa a respeito? A gente fez muita coisa a respeito quando a gente era ministro da justiça. A gente foi para cima do crime organizado, da liderança do PCC. A gente revitalizou a rede nacional de perfis genéticos, a gente criou o Programa Vigia nas Fronteiras, o sistema Córtex, que vários municípios estão hoje implantando para a vigilância eletrônica, então a gente tem o que mostrar. Quando muita gente está aí se colocando como candidato, às vezes até em cargos elevados, não tem o que mostrar, não tem o que falar, e quando fala às vezes até mente, porque chega lá e vai fazer outra coisa completamente diferente. Então não é o momento de se preocupar com o adversário, é o momento de se preocupar com a gente mesmo e com a população.
JC: O Álvaro Dias tem até dia 05 de agosto para dar uma resposta se concorre ao senado.
Sergio Moro: Sim, tem uma contagem regressiva, mas a gente não está preocupado com isso não, quer ele queira, quer não. Caso ele venha para o senado, vai ser um debate de alto nível. Eu não tenho essa postura de ficar mentindo, fazendo fake news. Esses dias ficaram distribuindo um monte de coisas aí, disseram que a gente ia apoiar o PT, uma coisa maluca. Uma vergonha a gente fazer fake news nesse sentido. Gente assim, que a gente sabe da onde veio, a gente sabe que é gente querendo manchar a nossa imagem, como a pessoa não tem o que mostrar, porque nunca fez nada na vida, muitas vezes são pessoas desconhecidas, têm que querer crescer atacando os outros. Não é esse o tipo de política que a população paranaense precisa. O que a gente precisa mesmo é proposta e mostrar que a gente tem credibilidade para mostrar nossas propostas. E acho que nossa candidatura é nessa linha.
JC: Apesar de você dizer que não se preocupa muito com outros candidatos, o seu partido apoia o governador Ratinho Júnior, mas o governador diz que apoia o candidato ao senado pelo PL, Paulo Martins. Você acha que com a saída do Álvaro Dias da concorrência ao Senado, essa votação pode ser expressiva para o Paulo Martins? Porque na última pesquisa você e Álvaro estavam com empate técnico. Álvaro 26%, 11% acreditam que anulam ou em branco e 16% ainda indecisos. Isso soma 53% dos votos. Você acha que com o apoio do governador no Paulo Martins, isso tende a elevar a votação do Paulo Martins ao senado?
Sergio Moro: Olha, a gente respeita o governador. O União Brasil está na coligação, mas nas pesquisas que a gente faz e que saíram publicadas, a gente está na liderança. E quando tira o nome do Álvaro, a gente salta ainda mais pra cima. Então, ninguém está preocupado com esses outros candidatos. A gente está preocupado em fazer o nosso trabalho e mostrar para as pessoas; olha, a gente tem credibilidade para cumprir o que a gente prometeu. Vou te dar um exemplo aqui: a primeira eleição que eu participei, em 89, que eu votei, votei lá na primeira eleição presidencial, Collor contra Lula, o segundo turno. Ambos se diziam intransigentes contra a corrupção e o que o tempo revelou? O Collor foi impichado por esquema PC Farias, o Lula com os escândalos do governo dele. Então a gente tem que medir as palavras de quem se coloca na política, mas também verificar qual é a história. Eu acho que isso é importante. Então assim, não estou sinceramente preocupado com ninguém. A gente respeita a opção do governador, mas a gente faz o nosso trabalho. O que a gente quer fazer é pegar essa credibilidade que a gente construiu no combate à corrupção, na segurança pública e levar para outros temas, como educação, saúde, geração de emprego e renda, que são importantes para a vida das pessoas.
JC: Só voltando agora um pouquinho que eu acho que é uma dúvida que muitos eleitores têm. Você, a princípio queria sair ao senado em São Paulo, mas não conseguiu o domicílio eleitoral lá. Por que sua esposa Rosângela conseguiu?
Sergio Moro: Na verdade, acontece o seguinte. Quando eu fui para o União Brasil, houve um pedido do partido para eu me filiar ali em São Paulo. Porque, no fundo, o projeto era a legenda presidencial e não faz muita diferença qual é o estado. E se, eventualmente não desse certo, São Paulo é o maior colégio eleitoral e o partido tinha alguns planos. Quando houve a decisão da minha permanência aqui no Paraná, eu fiquei radiante porque eu nasci no Paraná. Eu sou de Maringá, sou vermelho. Depois morei em Curitiba, morei em Cascavel. Então a gente tem conexão com o estado inteiro e para mim, o que é muito significativo, o trabalho profissional mais relevante da minha vida foi a Lava Jato que a gente fez aqui no Paraná. Durante quatro anos, o Brasil olhou o Paraná para saber o que acontecia com o país. Não olhava para Brasília. Então, eu tenho um grande orgulho de ter feito esse trabalho a partir do Paraná. Tenho um grande respeito por São Paulo, pelos paulistas. A lava jato teve um grande apoio de lá também, mas se não fosse o apoio inicial que a gente teve da sociedade paranaense, a gente não teria tido uma lava jato. Então, para mim, são águas passadas. A minha esposa na mesma época que ela fez essa filiação e no caso dela, entenderam lá ela se mantém lá em São Paulo, ela tem conexões com São Paulo, assim como eu tinha. Imagina se a gente ia fazer alguma coisa de errado em matéria de disputar as eleições, de domicílio eleitoral. A gente tem um histórico, histórico de credibilidade em relação a isso. Houve uma decisão lá que, juridicamente eu acho equivocado, mas a gente respeita. E para mim foi melhor. Eu prefiro concorrer por aqui, pelo Paraná. Eu fiquei radiante com essa decisão, minha esposa concorre por lá. Agora, o importante é o que as pessoas defendem? O que você quer no Congresso Nacional? Você quer um parlamentar que seja aqui do Paraná, que seja corrupto? Você quer um parlamentar lá de São Paulo que seja corrupto? Ou alguém que se vende por verba, alguém que se vende por cargo ou alguém que se importe com o que as pessoas defendem, com as bandeiras delas? Eu acho que a resposta correta é essa. O que as pessoas defendem. Então eu tenho certeza que se minha esposa for eleita lá, ela vai representar com muita propriedade e competência, e vai orgulhar a população paulista. Assim como a gente aqui, porque a gente tem compromissos com a população paranaense, não só com um projeto nacional do país.
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