Humorista critica sentença que o condenou a mais de 8 anos de prisão e multa milionária por falas em shows de stand-up e levanta debate sobre liberdade de expressão no humor.

 

O humorista Leo Lins se pronunciou publicamente nesta quinta-feira (6) após ser condenado a mais de oito anos de prisão e ao pagamento de quase R$ 2 milhões em multa. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele questionou os fundamentos da sentença e classificou a decisão como grave para a liberdade artística no Brasil.

Segundo Leo, um dos pontos usados na fundamentação da sentença foi um trecho retirado da Wikipédia, o que, segundo ele, compromete a seriedade do julgamento. “A própria plataforma diz que não é uma fonte primária. Isso é o mesmo que condenar alguém por homicídio com base em um artigo da internet”, ironizou.

Lins também ressaltou que o show de comédia é uma encenação artística. “A pessoa que fala no palco é uma persona cômica. Existe um roteiro, uma construção estética, uso de metáforas, hipérboles, ironias. Não é a mesma coisa que um discurso literal”, afirmou.

O humorista comparou a situação à atuação em novelas. “Agora dá pra prender a atriz que faz a vilã da novela?”, questionou, chamando a atenção para o que considera uma confusão entre ficção e realidade.

A defesa a Leo Lins também veio de outro nome conhecido do humor nacional. O comediante Rafinha Bastos usou de ironia para criticar a decisão judicial e defender o colega. Em vídeo publicado nas redes, Rafinha pediu, com sarcasmo, a prisão de artistas como Adriana Esteves, Matheus Solano, Débora Bloch e Renata Sorrah.

De acordo com ele, assim como Leo Lins, esses artistas também cometeram crimes durante interpretações ficcionais, portanto também deveriam ser punidos. A lista começa com Adriana Esteves, que viveu a vilã Carminha em Avenida Brasil (2012). “Fez abandono de criança no lixão, assassinato, sequestro, tentativa de homicídio, adultério, estelionato e manipulação emocional”, ironizou. “Como é que a gente prende o Leo Lins e não prende essa pessoa?”, questionou.

Rafinha citou ainda Matheus Solano, o vilão Félix de Amor à Vida (2013), acusado por ele de “tentativa de assassinato da própria sobrinha, desvio de dinheiro, chantagem e sabotagem”. Já sobre Débora Bloch, atualmente no ar como Odete Roitman no remake de Vale Tudo, ele fez referência à intérprete original da personagem. “A Beatriz Segall morreu antes e não pagou pelos crimes que cometeu”, afirmou. “São os mesmos crimes cometidos agora pela Débora Bloch: corrupção, chantagem, lavagem de dinheiro e envolvimento com esquema de drogas.” Renata Sorrah também entrou na lista do humorista.

Em tom crítico, Leo Lins disse que a sociedade vive o que chamou de “epidemia da cegueira racional”, onde julgamentos são feitos com base em emoções e não em critérios objetivos. “Isso pode trazer consequências gravíssimas quando parte do Judiciário”, alertou.

No vídeo, ele reforça que a decisão pode abrir precedentes perigosos. “Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado de que somos adultos infantilizados, incapazes de decidir o que podemos ouvir, rir ou pensar”, disparou.

O caso segue repercutindo nas redes sociais e reacende o debate sobre os limites do humor, a liberdade de expressão e o papel do Judiciário na interpretação de obras artísticas.

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