Com a restrição do uso de celulares nas escolas da rede estadual do Paraná, em vigor desde o início do ano letivo de 2025, estudantes vêm redescobrindo formas de interação longe das telas. No Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina, a mudança serviu de gatilho para a criação de um projeto inovador: o Clube de Protagonismo de Jogos Analógicos, idealizado por alunos da 1ª série do Ensino Médio e do 6º ano do Fundamental.

A iniciativa nasceu de forma espontânea, mas ganhou força com o apoio da direção e do professor de História e Projeto de Vida, Henrique Bresciani. “Desde o ano passado, eu já jogava com os alunos nos intervalos. Com a nova regra, criamos uma disciplina eletiva chamada Aprender Jogando, focada nos benefícios pedagógicos dos jogos analógicos”, explica.

A escola também prevê a criação de uma ludoteca e de kits pedagógicos com jogos para uso em sala de aula. Os jogos, que não dependem de tecnologia, incluem cartas, tabuleiros e peças, estimulando habilidades como raciocínio lógico, criatividade, pensamento estratégico e colaboração.

Segundo o professor, os alunos do Ensino Médio se interessam por jogos com menor influência do fator sorte e maior exigência cognitiva. Já os mais novos demonstram preferência por jogos de dedução social, como os do estilo “detetive”.

O clube busca promover integração entre estudantes de diferentes séries e favorecer a inclusão. “É comum que alunos atípicos se sintam acolhidos durante os jogos. As regras proporcionam um ambiente seguro para a convivência”, afirma Bresciani.

Mariah Inês, 15 anos, estudante da 1ª série do Ensino Médio, conta que participar do clube a ajudou a conhecer outros colegas. “Meu jogo preferido é o Coup, por ser estratégico. Jogar virou meu momento favorito do dia.”

O curso eletivo envolve leitura de textos científicos sobre os impactos positivos dos jogos e, nas próximas etapas, os alunos desenvolverão seus próprios jogos com conteúdos de disciplinas como Matemática, Português e História. A ideia é que os materiais possam ser apresentados em feiras de iniciação científica.

Para além do colégio, o projeto deve inspirar outras instituições. O Colégio Cívico-Militar Helena Kolody, de Cambé, já sinalizou interesse em conhecer o trabalho.

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