Pela primeira vez em 170 anos, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) tem uma mulher na vice-presidência. A deputada estadual Flávia Francischini (União) assumiu a 1ª vice-presidência da Casa para o biênio 2025-2026. A parlamentar substituirá o presidente, deputado Alexandre Curi (PSD), em casos de ausência ou impedimentos.
Flávia ressaltou a importância da ocupação feminina em cargos de liderança. Ela lembrou que, antes de chegar à Alep, também foi pioneira na Câmara Municipal de Curitiba. “Fui a primeira mulher a ocupar a primeira secretaria da Câmara de Vereadores. Isso mostra que a mulher tem conquistado espaço gradativamente”, afirmou.
A deputada destacou que a presença feminina na política tem aumentado. “Na minha eleição para vereadora, o número de mulheres na Câmara dobrou, passando de quatro para oito. Hoje, na Alep, somos dez deputadas. Precisamos ocupar mais espaços, pois representamos 51% da população brasileira. Não se trata apenas de um direito, mas de uma obrigação”, enfatizou.

A deputada reforçou que sua atuação na vice-presidência da Alep fortalecerá a luta por pautas femininas. Foto: Andreza dos Santos
PAUTAS FEMININAS E INCLUSIVAS
A deputada reforçou que sua atuação na vice-presidência da Alep fortalecerá a luta por pautas femininas, especialmente no combate à violência contra a mulher. “A bancada feminina tem focado na questão da violência de gênero, especialmente o feminicídio, que cresce alarmantemente. Precisamos conscientizar a população sobre a importância da denúncia e da prevenção”, frisou.
A deputada também abordou a necessidade de apoio às mulheres que são mães de crianças com deficiência. “Muitas mães precisam trabalhar, mas não têm com quem deixar os filhos. Temos lutado por cursos técnicos online e oportunidades que permitam a geração de renda sem que essas mulheres precisem abrir mão da maternidade”, explicou.
EXPERIÊNCIA PESSOAL IMPULSIONA ATUAÇÃO
Mãe de um menino autista, Flávia relatou como sua experiência pessoal motivou sua atuação política. “Quando meu filho Bernardo foi diagnosticado, tive acesso a tratamento imediato por meio do plano de saúde. No entanto, via outras mães esperando meses por um diagnóstico no SUS. Isso me fez querer lutar por essas famílias”, disse.
Antes de entrar na política, a deputada criou um instituto para ajudar essas mães. “Comecei arrecadando fundos para custear consultas e tratamentos. Quando percebi que isso não era suficiente, decidi ingressar na vida pública para lutar por políticas que beneficiassem essas crianças e suas famílias”, revelou.
DESAFIOS E CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO
Flávia Francischini ressaltou a falta de profissionais especializados para atender crianças autistas no interior do estado. “Muitos prefeitos dizem que não conseguem iniciar terapias por falta de neurologistas e psiquiatras. Precisamos encontrar soluções para isso”, afirmou.
Outro ponto destacado foi a necessidade de conscientização da sociedade sobre o autismo. “Muitos ainda enxergam o autismo como uma doença. Já ouvi parlamentares subirem à tribuna para afirmar isso erroneamente. Precisamos esclarecer que o autismo é uma condição neurológica, não uma enfermidade”, destacou.
A deputada também citou casos de discriminação contra crianças autistas em espaços públicos e estabelecimentos comerciais. “Já houve episódios em que mães foram retiradas de lojas porque os filhos estavam em crise. Precisamos de legislação e campanhas educativas para garantir a inclusão dos autistas na sociedade”, reforçou.
POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO
Ao relembrar sua transição da Polícia Federal para a política, Flávia destacou que seu objetivo sempre foi impactar positivamente a vida das pessoas. “Quando decidi deixar um cargo estável na PF para atuar politicamente, muitos me chamaram de louca. Mas eu sabia que não conseguiria ser feliz vendo outras mães enfrentando dificuldades sem tentar mudar essa realidade”, disse.
Ela enfatizou que as mulheres têm papel essencial na política e em outros espaços de liderança. “Não queremos estar à frente dos homens, mas sim trabalhar lado a lado. O que buscamos são direitos iguais e oportunidades para contribuir de maneira justa e equitativa”, concluiu.
Flávia também destacou a importância da comunicação na disseminação de informações. “A imprensa é fundamental para levar nossas pautas à população e garantir que as informações cheguem a quem mais precisa”, finalizou.