Fonte: Agência Brasil
Em um ano de eleições municipais, surge a questão: como e por que envolver crianças em um tema tão complexo como a política? Experiências práticas, mesmo antes da idade mínima para votar, ajudam a introduzir o assunto. Um exemplo é o Projeto Plenarinho da Câmara dos Deputados, que completou 20 anos em agosto. Corina Castro, coordenadora da Educação para a Democracia da Escola da Câmara, destaca que o projeto visa ensinar política e democracia de forma divertida e acessível para crianças e adolescentes.
Iniciativas do Projeto Plenarinho
O Projeto Plenarinho oferece atividades como o Câmara Mirim, onde grupos de crianças criam e votam projetos de lei, e o Eleitor Mirim, que simula eleições com candidatos fictícios. Castro ressalta a importância de ensinar cidadania desde cedo, enfatizando que aprender a escolher bem é fundamental para entender o contexto e os interesses da comunidade.
Exemplos de Educação Política no Rio de Janeiro
No Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, a prática eleitoral começa no quinto ano do ensino fundamental, com crianças de 10 e 11 anos. A orientadora pedagógica Flávia Assis explica que cada turma elege um representante de classe que participa do Conselho de Classe (COC) e pode influenciar a organização e melhorias na escola. A eleição é coordenada pelo Setor de Orientação Educacional e Pedagógica (Seop), com cronogramas específicos para votação e atividades dos representantes.
Perspectiva das Crianças sobre Política
Alguns candidatos mirins expressam suas motivações e propostas. Ana Júlia Diniz Cassiano, de 10 anos, quer ajudar a turma e organizar o recreio. Conrado Senas, também de 10 anos, pretende promover mais ordem e respeito na turma. Teodoro Oliveria da Silva Batista deseja ajudar a turma a manter o foco nos estudos, enquanto Ana Beatriz da Silva, de 11 anos, sugere chegar a consensos em vez de fazer votações. Outras crianças, como Isabella Nairim Gomes de Souza e Francisco Barcelos Rodrigues, destacam a importância de candidatos mais humildes e ações contínuas em vez de promessas de campanha não cumpridas.
Participação e Cidadania
A coordenadora Corina Castro enfatiza que a participação das crianças no processo eleitoral é crucial para a formação de cidadania. Mesmo sem direito a voto, elas podem praticar cidadania de outras formas, como trabalho voluntário e participação em atividades comunitárias. O Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) também promove a inclusão das crianças no debate político, destacando cinco temas urgentes para a atenção dos candidatos: proteção contra violências, mudanças climáticas, qualidade escolar, saúde e nutrição, e proteção social. Mario Volpi, coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil, afirma que a participação progressiva das crianças e adolescentes é essencial para a consolidação da democracia e o desenvolvimento sustentável.
Conteúdo Adicional
Para mais informações sobre a participação das crianças nas eleições municipais, acompanhe o podcast “Crianças Sabidas” da Radioagência Nacional. A série de quatro episódios, publicada às sextas-feiras, oferece conteúdo jornalístico direcionado ao público infantil e está disponível nos tocadores de áudio e no YouTube com tradução em Libras.