Estudantes do 4º ano de formação de docentes do Colégio Estadual Abraham Lincoln participaram, nesta quarta-feira (14), de um lançamento e bate-papo com o escritor paranaense Mestre Kandiero, na Biblioteca Pública de Colombo, promovido pela Secretaria de Cultura. Durante o evento, o autor apresentou seus livros “O Bispo Negro” e “Curitiba me Lembra Palmares” e discutiu sua luta em prol da causa negra.

Mestre Kandiero, adepto de religiões de matriz africana e devoto de Xangô, o orixá da justiça, compartilhou suas reflexões sobre a história e cultura negra no Paraná. “O Paraná é o estado mais negro do sul do Brasil, e precisamos desconstruir a ideia equivocada de que esta é uma terra europeia. Colombo, por exemplo, apesar de sua fundação italiana, tem raízes indígenas, portuguesas e africanas muito anteriores”, destacou o escritor.

Ele ressaltou a importância de conhecer a verdadeira história do Brasil e do Paraná para combater o racismo e a violência resultante de percepções racistas. “A Lei 10.639, que torna obrigatória o ensino da História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena, é fundamental para trazer consciência. A palavra ‘consciência’ é conhecimento. Quando falo em consciência negra, estou falando de conhecimento negro, e isso vai além, é uma questão de humanidade”, afirmou.

Mestre Kandiero também enfatizou a riqueza da herança africana e a importância de valorizar a história e a cultura negra. “A África não é o berço de escravos, é o berço da humanidade, da arquitetura, da arqueologia, das bibliotecas, dos idiomas e das religiões. As pessoas precisam aprender a olhar para a população negra com respeito e reconhecimento de sua rica herança.”

Para aqueles interessados em suas obras, o autor mencionou que a Editora Humaita lançou 18 títulos, dos quais nove são de sua autoria, incluindo “Oralidades Afro-paranaense” e o “Caderno Pedagógico Oralidades Afro-paranaense”, que este ano serão distribuídos em todas as escolas estaduais do Paraná. Kandiero convidou os presentes a conhecerem mais sobre seu trabalho e história por meio do site da editora e do projeto Linha Preta, que oferece um tour pela história negra em Curitiba e arredores. “O afro-colombense deve se orgulhar de sua história, pois a presença negra no Paraná remonta ao século XVIII”, concluiu.

 

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