“Em um domingo qualquer, você pode vencer ou perder. A questão é se você consegue vencer ou perder como um homem”. A frase do filme Any Given Sunday (1999), de Oliver Stone, é um retrato perfeito de como foi a atuação do Coritiba Crocodiles neste domingo (28), em uma vitória dentro do estádio Couto Pereira, em Curitiba, que parecia roteiro de cinema.
Agora tricampeão brasileiro, o “Croco” espantou a bruxa da disputa pela taça dentro da casa do Coritiba e, restando apenas 5 segundos para o fim da partida, marcou o field goal (chute que vale 3 pontos) que deu números finais ao placar: 16 x 14 contra o forte time Galo Futebol Americano, do Atlético Mineiro.
Em 2011, o Coritiba Crocodiles já tinha tido a chance de ser campeão brasileiro em um dos estádios mais clássicos do futebol brasileiro, mas parou na grande atuação do Fluminense Imperadores. Dessa vez, a história parecia se encaminhar para um injusto vice-campeonato após uma temporada quase impecável. Felizmente, fez-se a justiça no mundo da bola oval.
O título tem um pouquinho de Colombo no seu DNA. Um dos principais atletas desse elenco, Athos Daniel da Silva Costa (29), o Daniel Jr, camisa 13 do Coritiba, teve participação em diversos lances como uma das referências do ataque aéreo Crocodile. “Foi um grande jogo, tenho máximo respeito pela equipe do Galo. Eles jogaram limpo, entregaram tudo o que tinham nesse final de jogo, transformaram num belo espetáculo. Muita emoção em ser campeão, o roteiro não podia ser melhor”, celebrou o recebedor, que já atuou também pela equipe mineira.
Além dele, Felipe Ribeiro (30), o ChiLe, kicker (chutador) que veste a camisa 16, esteve à disposição dos treinadores. Pé quente, ChiLi estava em sua temporada de estreia. “Foi um ano de muito aprendizado com toda a equipe, e no ano que vem vamos atrás de muitos outros tútulos”, destacou. “A posição de kicker tem dessas coisas, dá pra ser vilão ou herói. Felizmente o Balka hoje foi o nosso herói”, enalteceu ChiLe.
O JOGO – A vitória veio justamente por um dos chamados “jogadores especialistas”. Leonardo Balka, kicker camisa 4, acertou um chute no limite da trave baixa do “Y”, restando 5 segundos para o estouro do relógio após uma partida marcada por chuva e muitas faltas.
Porém, antes desse momento de grande emoção, houve um jogo marcado por chuva e muitas faltas. Ainda na primeira metade do jogo, o quarterback (lançador) Talon Roggasch conectou um passe para Bernardo Horevitch marcar os 6 primeiros pontos do jogo, seguidos de um ponto extra de Balka. A resposta do Galo veio em passe de Parris Lee para Daniel Martins, seguido de ponto extra convertido por Luiz Carlos “Boizinho”.
Na segunda parte do embate, o destaque foi a atuação do recebedor Victor Vilaça, do Galo, que não apenas recuperou o chute de início de jogo, que daria posse para o Crocodiles, como recebeu o passe para touchdown que virou o jogo, novamente seguido por ponto extra convertido. Os crocodilos reagiram com touchdown terrestre de Bruno Santucci, mas desperdiçaram o chute a gol, permanecendo atrás no placar, que apontava 13 x 14.
A partir dessa reação, e de uma torcida muito barulhenta, o Coritiba Crocodiles soube jogar no erro e nas faltas da equipe mineira, até se posicionar em posição boa para chute, já nos segundos finais. O final da história, já sabemos: os Crocodiles venceram como homens.