Na última terça-feira, 23, o Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, localizado no Mauá, em Colombo, promoveu um evento junto aos alunos de celebração do Dia da Consciência Negra. Além de atividades em sala de aula, como a produção de uma exposição artística, foram realizadas apresentações de dança e da cultura afro. Apesar da data específica, o trabalho no ambiente escolar pregando a igualdade racial, assim como toda a questão de diversidade, é realizado durante todo o ano letivo. “Nós trabalhamos o ano inteiro este tema da diversidade junto da equipe multidisciplinar. Os professores vão trabalhando isso dentro de suas disciplinas e isso é essencial na vida do estudante, porque eles passam quatro horas do dia deles aqui, e convivem com uma diversidade gigantesca, que precisa ser respeitada. Precisamos conviver e aprender com ela”, destacou a diretora do colégio, Heloisa Urcino da Silva.
Heloisa, que também é negra, destacou a importância da representatividade no ambiente escolar. “Nós temos uma equipe de funcionários negros bem grande, professores, alunos. Muitos não se veem como negros ou tem vergonha de falar que é negro. E trabalhamos para que eles se aceitem. Infelizmente, não é algo do dia para a noite, é um trabalho longo”, explicou, relatando que usa do próprio exemplo para explicitar situações. “Quando eles veem, por exemplo, eu, que estudei em escola pública, tive as mesmas dificuldades que eles enfrentam, eles começam a perceber que também podem ter uma vida diferente”, disse.
Durante o evento, os alunos também receberam convidados que falaram sobre suas experiências pessoais. Uma delas foi Virlane Eduarda do Nascimento, merendeira do colégio, que além de se apresentar dando uma demonstração de samba, também falou sobre a problemática do racismo. “Poder fazer uma demonstração da minha arte na dança foi maravilhoso. Eles conhecem apenas o meu lado cozinheira .Foi importante mostrar um pouco da minha origem e deixá-los entender que tenho orgulho de ser negra, que posso ser tudo que eu quiser, entrar e sair de qualquer lugar sem ser barrada por minha cor, e que eles podem sim ser livres e não abaixar a cabeça pra nada e nem ninguém, porque somos todos iguais, indiferente de raça”, disse Virlane.
Ela contou aos alunos sobre situações que ocorreram com ela e com sua filha, Valeska Rakelly do Nascimento Santana, de 12 anos, e que atua como modelo, já tendo participado, inclusive, do Miss Colombo. “Pude dizer um pouco sobre o que minha filha já passou mesmo tendo apenas 12 anos. Isso mexe muito comigo, mas eu sempre digo para ela que ela é capaz. E os alunos receberam muito bem tudo o que demonstramos para eles e tenho certeza que vão passar a se ver e ver as pessoas ao seu redor com outros olhos, sem racismo ,sem preconceito e sem discriminação”, encerrou.