Mais de 250 mil pessoas e 130 delegações de todo o mundo prestaram as últimas homenagens ao pontífice, lembrado por seu compromisso com os pobres e a paz.
Em uma cerimônia marcada pela emoção e pela presença de líderes mundiais, o funeral do Papa Francisco foi realizado neste sábado (26), na Praça de São Pedro, no Vaticano. A celebração, acompanhada por mais de 250 mil fiéis e liderada por autoridades da Igreja Católica, deu início aos nove dias de luto oficial que antecedem o conclave para a escolha do novo papa.
MULTIDÃO SE DESPEDE DO PAPA DO POVO
Desde a madrugada, milhares de pessoas se aglomeraram na Praça de São Pedro e arredores para participar da cerimônia. O Vaticano montou um forte esquema de segurança, com a criação de corredores de acesso restrito para autoridades e convidados. Estima-se que mais de 250 mil pessoas passaram pelo velório e participaram do funeral.
A missa de Exéquias, rito tradicional para fiéis falecidos, foi concelebrada por cerca de 220 cardeais e 750 bispos e padres junto ao altar, além de 4 mil padres distribuídos pela praça. A missa durou 2 horas e 10 minutos.
PRESENÇA DE LÍDERES MUNDIAIS E REALEZA
O funeral contou com 130 delegações internacionais, sendo 55 chefes de Estado, 14 chefes de governo e 12 monarcas. Entre os presentes estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Olaf Scholz (Alemanha) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia). Representando as monarquias, o príncipe William do Reino Unido, o rei Felipe VI e a rainha Letícia da Espanha também compareceram.
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o presidente da Argentina, Javier Milei — conterrâneo de Francisco —, também marcaram presença, reafirmando a importância global do papa argentino.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Janja, da ex-presidente Dilma Rousseff e de outros membros da comitiva presidencial do Brasil. Globo/Reprodução
UM LEGADO DE COMPROMISSO SOCIAL
Durante a homilia, o cardeal Giovanni Battista Re descreveu Francisco como “um papa entre o povo, de coração aberto a todos”. Ele lembrou da dedicação incansável do pontífice às causas dos pobres, refugiados e deslocados, além do forte apelo do papa pela paz em tempos de guerras devastadoras.
“Diante das guerras dos últimos anos, o Papa Francisco elevou incessantemente sua voz, apelando à razão e à negociação”, disse Re. Ele destacou ainda que a primeira viagem oficial de Francisco foi à ilha de Lampedusa, em 2013, para denunciar o drama dos migrantes no Mediterrâneo.
CERIMÔNIA HISTÓRICA E INOVAÇÕES NO RITUAL
Pela primeira vez em um funeral papal, a Oração dos Fiéis foi realizada em seis idiomas, incluindo o mandarim — refletindo a abertura global da Igreja. Após a missa, o caixão foi carregado pelos Cavalheiros de Sua Santidade, adornado com um Livro dos Evangelhos, e seguiu em cortejo fúnebre até a Basílica de Santa Maria Maggiore.
O percurso de 5,5 km atravessou alguns dos principais monumentos históricos de Roma, como o Coliseu. Grupos de pessoas pobres — uma marca do papado de Francisco — foram posicionados nas escadarias da basílica para prestar a última homenagem.
SEPULTAMENTO E PRÓXIMOS PASSOS PARA A IGREJA
O sepultamento foi reservado a cerimônia privada, conforme desejo do próprio papa, na Basílica de Santa Maria Maggiore. O túmulo, aberto para visitação a partir deste domingo (27), terá apenas a inscrição “Franciscus”, como era seu desejo de simplicidade.
Este funeral abre oficialmente o período conhecido como Novemdiales, os nove dias de orações e missas em homenagem ao pontífice falecido. No domingo (27), uma nova missa será celebrada pelo cardeal Pietro Parolin. A data do conclave para a eleição do novo papa deve ser anunciada em breve, com previsão de início entre os dias 6 e 11 de maio.